Um em cada dez estudantes não consegue
concluir a alfabetização nas escolas da rede pública. Dados do Censo
Escolar 2017, divulgados nessa quarta-feira (31), pelo Ministério da
Educação, revelam que 11,6% dos alunos são reprovados ao fim do terceiro
ano do ensino fundamental, quando termina a fase básica de aprender a
ler, a escrever e a fazer contas de Matemática.
Ao anunciar os números, a ministra
substituta da Educação, Maria Helena de Castro, não economizou adjetivos
para lamentar os índices. Ela disse que a repetência mostra um
“fracasso” da escola. A situação é “grave” também na conclusão do ensino
fundamental, o fim da 9.ª série, quando 11,1% dos estudantes são
reprovados, e na etapa escolar seguinte. Dos estudantes do ensino médio,
28,2% dos estudantes já passaram da idade ideal de completar os três
anos dessa fase.
Sem minimizar os problemas de capacitação
de professores e de infraestrutura das escolas, Maria Helena de Castro
reclamou que há uma “cultura” de reprovar estudantes, com impacto na
vida escolar e na autoestima. “Os professores são influenciados pela
cultura da reprovação”, avaliou. Ela disse que as taxas de reprovação na
rede pública brasileira não ocorrem, por exemplo, nos países vizinhos
da América do Sul ou na Ásia. “Ninguém apresenta taxas de reprovação tão
preocupantes como a nossa”, disse. “Com a reprovação, o aluno se sente
muito mal e fica com a autoestima péssima. É inútil reprovar e não mudar
o que a escola vai ensinar. É um fracasso da escola.”
Para Maria Inês Fini, presidente do
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Institucionais (Inep), a pasta
“de maneira nenhuma” incentiva professores a aprovar alunos que não
sabem ler e escrever, mas também reclamou dos altos índices de
repetência. “Há uma crença de que a reprovação agrega conhecimento. A
reprovação contamina a cultura escolar.”
Carlos Moreno, diretor de Estatísticas
Educacionais do Inep, afirmou que a preocupação maior é a repetência do
aluno do 3.º ano do ensino fundamental, que deveria estar na faixa de 8
anos de idade. “É um dado muito negativo, pois trata-se da etapa que
finaliza o ciclo de alfabetização”, avaliou.
Queda de matrículas
O número de crianças e adolescentes nas
escolas públicas e privadas brasileiras caiu nos últimos quatro anos. O
Censo mostra uma queda global de 45 milhões para 43,7 milhões de
matrículas na comparação com 2013. Na avaliação do MEC, os dados de
acesso ao ensino acompanham a dinâmica demográfica.
Mas o ministério comemorou os resultados
da expansão, ainda tímida, do ensino integral, considerado uma
prioridade pelo ministro Mendonça Filho. O levantamento registrou um
aumento de 9,1% para 13,9% nas matrículas em escolas de tempo integral.
Deficiências
O Censo Escolar mostrou ainda
deficiências dentro das salas de aula. Dos docentes da educação básica,
15% não têm curso superior. As deficiências aparecem também na estrutura
física. O levantamento mostra que 61,1% das creches não têm banheiro
adequado à educação infantil. No ensino fundamental, o estudo registrou
escolas sem vasos sanitários (8,2%), salas de leitura e bibliotecas
(45,7%) e laboratórios de ciências (88,5%). Há deficiências tanto na
rede pública quanto na privada. As informações são do jornal O Estado de
S. Paulo.
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