A Câmara dos Deputados concluiu nesta noite a votação do projeto de
lei que cria o Sistema Único de Segurança Pública (Susp). Os deputados
aprovaram uma emenda que solicitava a alteração do texto-base da
proposta e rejeitaram os demais destaques. A matéria segue agora para
apreciação do Senado.
Mais cedo, os parlamentares, por ampla maioria, aprovaram o texto principal da matéria,
que tem como objetivo tornar mais eficaz e integrada a atuação dos
órgãos policiais, compartilhando informações com o Ministério
Extraordinário da Segurança Pública. Após a primeira análise, foram
rejeitadas emendas apresentadas pela oposição, dentre elas a que buscava
aumentar o controle social em casos de uso excessivo da força.
Outra
emenda, rejeitada por 263 votos a 8, e duas abstenções, buscava retirar
a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas da relação dos
integrantes operacionais do Susp. Ao argumentar favoravelmente à
mudança, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) criticou a inclusão do órgão
entre as atribuições da segurança pública e disse que o verdadeiro
vilão a ser combatido é o tráfico de armas e munições.
“Há essa compreensão, intenção de diversos movimentos e práticas
políticas, já faz algum tempo, no sentido da chamada guerra às drogas,
que tem se mostrado letal e ineficiente. Pra nós, o enfrentamento
profundo implica cada vez mais em tratar a adição, o vício, como algo
vinculado à saúde pública, à educação”, explicou.
Já o relator do
projeto, deputado Alberto Fraga (DEM-DF), disse que a alteração, se
aprovada, significaria a “desmoralização” do Susp. “Não faz sentido
nenhum, ao se criar um sistema de informações que vai ser compartilhado
com todos, retirar exatamente aquilo que fomenta o crime, que são as
drogas”, argumentou.
O único destaque aprovado pela Câmara, que
contou inclusive com o apoio do relator, foi o que obrigava ao
profissional de segurança pública a preservação do local do crime. Por
maioria simples, os parlamentares decidiram retirar o parágrafo que
previa que os integrantes do Susp, na ausência do órgão com atribuição
legal, devem preservar a área do crime “para posterior prosseguimento
dos atos procedimentais cabíveis”.
Para o deputado Subtenente
Gonzaga (PDT-MG), não seria possível cumprir a medida com o baixo número
de delegacias de Polícia Civil presentes nos municípios brasileiros.
Segundo ele, o texto era genérico e poderia dar a interpretação de que
os agentes deveriam permanecer em locais com baixo potencial ofensivo.
“Qual
a preocupação que temos com esse texto? Ele diz que o policial que faz o
trabalho ostensivo, como rodoviários, militares e guardas municipais,
quando chegar no local da ocorrência, tem que preservar o local. Todos
nós temos clareza que [em crimes como] homicídio, haverá concretamente a
preservação até a chegada da perícia. Mas nos demais crimes, até por
uma razão da estrutura do Estado, não teremos”, justificou, defendendo a
necessidade de os policiais se deslocarem do local para prosseguirem
com a ocorrência.
Após a rejeição das demais emendas, a redação final da proposta foi aprovada por 268 votos a dois, com uma abstenção.
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