“Por que demorou tanto?” “Com quem ele está falando pelo rádio?”
“Será que alguém viu na TV e o avisou?” Quem acompanhou a final do
Campeonato Paulista entre Palmeiras e Corinthians disputada no último
domingo, provavelmente se fez uma ou todas essas perguntas durante os
sete minutos que separaram o instante em que o árbitro Marcelo Aparecido
Ribeiro de Souza marcou pênalti de Ralf em Dudu e o que ele voltou
atrás, assinalando apenas cobrança de escanteio.
A indecisão da equipe de arbitragem somada à demora retomaram uma
velha discussão: afinal, há interferência externa sobre os homens do
apito ou não? Quem tem de zelar pela lisura da arbitragem argumenta ser
impossível alguém de fora mandar mudar uma decisão após acompanhar o
replay pela TV, por exemplo. A tal interferência, no caso, viria somente
dos bancos de reservas das equipes e, é claro, da pressão dos
torcedores nas arquibancadas.
“Hoje, todos têm informação rápida, têm a imagem quase que imediata
ali à mão. O quarto árbitro está ao lado dos bancos, começam a gritar
com ele, então, o que existe é esse tipo de coisa que chega ao ouvido do
árbitro”, disse o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF
(Confederação Brasileira de Futebol), Marcos Marinho.
Por outro lado, pensar que as normas são cumpridas em 100% dos casos
beira à ingenuidade quando se tem episódios como o ocorrido no
Campeonato Brasileirão de 2016, durante o Fla-Flu válido pelo segundo
turno. Na ocasião, um gol do Fluminense anulado pelo árbitro Sandro
Meira Ricci resultou em 13 minutos de paralisação, duas mudanças de
decisão e interferência explícita do inspetor de arbitragem daquela
partida, Sérgio Santos, que entrou no gramado em meio à confusão para
avisar o juiz que a TV mostrara o lance. É o tempo gasto em situações
assim, principalmente, que alimenta a polêmica.
“A nossa orientação é para que as decisões sejam muito rápidas, não
podem passar de 20 segundos. Ou é ou não é. Depois, dane-se se errou ou
acertou. Porque, infelizmente, (a demora) vai gerar desconfiança”,
explicou Marcos Marinho.
Anderson Daronco, um dos principais árbitros do País atualmente, cita
caso ocorrido na Copa do Brasil de 2015, quando anulou gol do santista
Gabriel Barbosa contra o Figueirense. Um de seus assistentes chegou a
correr para o meio de campo, validando o gol, porque não viu o toque na
bola do atacante, em posição de impedimento. Após conversarem, chegou-se
à conclusão de anular a jogada. Naquela ocasião, também se aventou a
possibilidade de interferência externa no lance.
“Toda vez em que você demora um pouco mais que o normal para tomar
uma decisão, infelizmente, as pessoas acabam tendo essa análise. Parece
que muitas vezes preferem que a arbitragem erre do que acerte uma
decisão com um pouco mais de tempo para ser tomada”, disse Anderson
Daronco.
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