sábado, abril 14, 2018

Provedores comunitários ampliam possibilidades de conexão na periferia de SP

Quando a Associação da Casa dos Meninos, no Jardim São Luiz, zona sul da capital paulista, decidiu criar uma rede virtual para os moradores do bairro, não sabia ainda nem o que era um provedor comunitário. “A gente descobriu depois que aquilo que gente estava fazendo era isso”, conta a presidente de associação, Daiane Araújo, sobre o início do projeto em 2010.

Um provedor comunitário é uma rede de dados que proporciona conexão entre os computadores, celulares e outros dispositivos de uma determinada comunidade. Na Casa dos Meninos, a conexão abrange um raio de 1 quilômetro onde vivem 20 mil pessoas. A referência geográfica é a região de atuação da Unidade Básica de Saúde (UBS). “Ela tem uma referência boa para o cidadão comum, porque todo mundo sabe onde fica sua UBS”, explica Daiane.

O Jardim São Luiz é um bairro com mais de 261 mil habitantes que fica a aproximadamente 20 quilômetros do centro da cidade. A região periférica tem elevado percentual de moradores em áreas precárias e favelas, 24%, segundo levantamento da Organização Não Governamental Rede Nossa São Paulo. A taxa de homicídios entre jovens de 15 a 29 anos chega a 74,5 a cada 100 mil habitantes, enquanto a média na cidade é de 38,18 casos.

A partir de um servidor instalado na sede da associação, que funciona no bairro desde a década de 1980, é distribuído um sinal via wi-fi para o bairro. A rede é apoiada por antenas instaladas em outros pontos estratégicos. Assim, os moradores e trabalhadores da região podem acessar uma rede fechada (intranet) onde, pouco a pouco, vão sendo disponibilizados diversos serviços. Atualmente, o Portal Acervo possibilita o acesso a uma coleção de videoaulas.

Estão no projeto outras propostas que vão sendo postas em prática à medida que a ideia ganha força. Há a intenção de se criar uma biblioteca de empréstimos. Cada usuário vai cadastrar os livros que pode emprestar e o local onde podem ser retirados. “Aí, eu que preciso do livro, entro na plataforma e falo 'olha, preciso do seu livro'”, detalha Daiane. “Vai criar uma biblioteca grande e não vai precisar de espaço físico, nem toda a estrutura que a biblioteca precisa. Quem vai fazer a biblioteca funcionar vai ser a comunidade”, acrescenta a presidente da associação.

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