Quando as disputas do tênis de mesa começarem no Parapan Americano de
Lima, um potiguar vai provar que idade não é empecilho quando se tem
amor e determinação pelo esporte. Ecildo Lopes, 56 anos, natalense,
atleta da Sociedade Amigos do Deficiente Físico do RN (Sadef) e da AABB,
é o mais velho entre todos os 337 atletas que compõem a delegação
brasileira. “Os colegas me perguntam quando vou me aposentar, e eu digo
que vou ‘passar a régua’ em Tóquio [cidade onde acontecerá as
Paraolimpíadas de 2020]”, brinca.
Dos 56 anos de vida, o tênis de
mesa está presente nos últimos 21. Desde 1998, quando um acidente de
trânsito na Venezuela transformou a vida de Ecildo. “Quando a médica
venezuelana me disse que precisaria amputar as duas pernas, eu tirei de
letra. Não tive um só momento de tristeza, de depressão. Deus foi muito
legal comigo”, conta ele. O tênis de mesa veio logo em seguida, como
parte da reabilitação.
E nem ele esperava que fosse chegar tão longe. O técnico em Mineração
e Administrador de empresas teve que conciliar trabalho e família –
Ecildo é casado há 38 anos com Joseana, e tem duas filhas: Eciana e
Raquel – com as viagens e competições. Foram muitas, e quase sempre, com
excelentes resultados. Tanto que o potiguar é hoje, nas Américas, o
paratleta com o maior número de medalhas internacionais: 58.
Apenas
em Parapans, foram 10: quatro ouros, três pratas e três bronzes, em 7
participações nos Jogos. Desde a estreia, em 2001, ele só ficou de fora
de duas edições (2015 e 17 – os jogos são realizados a cada dois anos).
Seis anos depois, volta à disputa com a mesma garra do início da
carreira. “Quero mais uma medalha sim. Tenho treinado bastante, espero
colocar tudo em prática na disputa e fazer o meu melhor”, diz confiante.
Tanta determinação tem um motivo além da medalha: no tênis de mesa, o
Parapan serve como seletiva para os Jogos Paralímpicos de Tóquio do ano
que vem. “Seria um sonho encerrar a carreira em uma paralimpíada. São
mais de 20 anos no esporte de alto rendimento, e tenho consciência de
que a hora da aposentadoria está chegando. Quando tiver que parar, vai
ser tranquilo, tenho muito orgulho da história que construí nessas duas
décadas”, afirma.
Para Tércio Tinoco, presidente da Sadef, Ecildo é
um exemplo a ser seguido pelos atletas dessa e das futuras gerações.
“Não é fácil se manter em atividade, e com tanta qualidade, durante
tanto tempo. Ecildo é uma prova de que o amor pelo esporte nos mantém
ativos e felizes”, diz Tércio.
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