Em entrevista à Rádio Itatiaia, de Minas Gerais, a presidente afastada
Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira que irá ao plenário do Senado
fazer, pessoalmente, sua defesa quando do julgamento final do
impeachment. Ela disse que não foi à comissão do impeachment, porque
“precisa do voto do conjunto dos senadores e não de parte dos
senadores”. A petista disse acreditar que é possível reverter o processo
no impeachment em seu favor. E disse que seu coração continua valente —
em referência ao lema de sua campanha de reeleição —, mas está
“dolorido”. A votação final do processo de impedimento no plenário do
Senado deverá ocorrer no fim de agosto.
— Eu não fui à comissão justamente pelo fato de que a comissão é uma
comissão, não tem o conjunto dos senadores, e eu preciso do voto do
conjunto dos senadores, não de parte dos senadores. Nosso interesse é
falar para todos os senadores. Essa oportunidade que eu tenho, garantida
pela Constituição, eu vou utilizá-la — disse.
Dilma também falou do processo de eleição de um novo presidente da
Câmara. Segundo ela, a casa tem hoje a oportunidade de se “reerguer”.
Ela sugeriu que se busque um candidato que votou contra o seu
impeachment e que não seja ligado ao ex-presidente da Câmara, Eduardo
Cunha, que deu início ao processo de afastamento da petista, ao aceitar o
pedido de impeachment feito pelos juristas Hélio Bicudo, Janaína
Paschoal e Miguel Reale Júnior.
— Eu acredito que a posição não só do PT, mas de todos aqueles que
têm um compromisso com a reconstrução do processo na Câmara passa
necessariamente pela votação de uma pessoa não ligada ao senhor Eduardo
Cunha, que tenha independência do senhor Eduardo Cunha. Nós temos de
interromper esse processo. O primeiro passo é isso que estamos vendo na
Câmara Federal, uma grande quantidade de candidaturas. Dentro dessas
candidaturas, nós vamos buscar aqueles que não votaram, que não
aprovaram o processo de impeachment — afirmou.
Na entrevista, Dilma disse que as lágrimas derramadas por Cunha, ao
anunciar sua renúncia, na última quinta-feira, foram "lágrimas de
crocodilo".
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