A Folha deixa de publicar seu conteúdo no Facebook nesta quinta (8). O
jornal manterá sua página na rede social, mas não mais a atualizará com
novas publicações.
A decisão é reflexo de discussões internas sobre os melhores caminhos
para fazer com que o conteúdo do jornal chegue aos seus leitores,
preocupação que consta do novo Projeto Editorial da Folha, divulgado no
ano passado.
As desvantagens em utilizar o Facebook como um caminho para essa
distribuição ficaram mais evidentes após a decisão da rede social de
diminuir a visibilidade do jornalismo profissional nas páginas de seus
usuários.
O algoritmo da rede passou a privilegiar conteúdos de interação
pessoal, em detrimento dos distribuídos por empresas, como as que
produzem jornalismo profissional.
Isso reforça a tendência do usuário a consumir cada vez mais conteúdo
com o qual tem afinidade, favorecendo a criação de bolhas de opiniões e
convicções, e a propagação das “fake news”.
Além disso, não há garantia de que o leitor que recebe o link com
determinada acusação ou ponto de vista terá acesso também a uma posição
contraditória a essa.
Esses problemas foram agravados nos últimos anos pela distribuição em
massa de conteúdo deliberadamente mentiroso, as chamadas “fake news”,
como aconteceu na eleição presidencial dos EUA em 2016.
Sem conseguir resolver satisfatoriamente o problema de identificar o
que é conteúdo relativo a jornalismo profissional e o que não é, a rede
anunciou no mês passado que reduziria o alcance das páginas de veículos
de comunicação, entre outros.
Em lugar desse tipo de link, passou a priorizar o conteúdo feito por amigos e familiares.
No caso da Folha, a importância do Facebook como canal de
distribuição já vinha diminuindo significativamente antes mesmo da
mudança do mês passado, tendência observada também em outros veículos.
Em janeiro, o volume total de interações (compartilhamentos,
comentários e curtidas) obtido pelas 10 maiores páginas de jornais
brasileiros no Facebook caiu 32% na comparação com o mesmo mês do ano
passado, segundo dados compilados pela Folha.
Com a queda do alcance das páginas, o Facebook perde espaço como
fonte de acessos a sites de jornalismo. De acordo com a Parse.ly,
empresa de pesquisa e análise de audiência digital, a participação da
rede social nos acessos externos caiu de 39% em janeiro do ano passado
para 24% em dezembro.
O espaço vem sendo ocupado principalmente pelos mecanismos de busca,
como o Google, que no mesmo período avançou de 34% para 45%.
A Folha tem atualmente 5,95 milhões de seguidores no Facebook. É o
maior jornal brasileiro na rede social. As páginas das editorias somam
outras 2,2 milhões de curtidas.
O jornal também tem perfis atualizados diariamente no Twitter (6,2
milhões de seguidores), Instagram (727 mil) e LinkedIn (726 mil).
Os leitores poderão continuar compartilhando conteúdo da Folha em suas páginas pessoais do Facebook.
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