Uma pesquisa desenvolvida por quatro instituições, entre as quais a
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, foi premiada pelo Consórcio
Federal de Laboratórios (FLC, sigla em inglês) pela excelência na
transferência de tecnologia na área de saúde e serviços humanos em todo o
território norte-americano.
O estudo feito em parceria com o
Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, sigla em inglês), a
Universidade de Londres e o Conselho de Pesquisa Científica e
Industrial da África do Sul (CSIR, sigla em inglês) comprovou que
sementes de soja geneticamente modificadas podem se constituir em
biofábrica para a cianovirina, proteína muito eficaz no combate à aids.
O
pesquisador Elibio Rech, que coordenou a participação brasileira nos
estudos, diz que, além do reconhecimento científico, o prêmio comprova a
importância da cooperação técnica para o desenvolvimento de pesquisas
de ponta na área de biotecnologia. Para Rech, a homenagem "coroa" uma
pesquisa de mais de uma década, que obteve excelentes resultados graças à
parceria com os institutos internacionais.
A pesquisa tem forte
componente humanitário, porque os países em desenvolvimento com altos
índices de propagação da aids, terão licença de produção e de uso livres
do pagamento de royalties, ressalta Rech. O pesquisador
lembra que, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS),
em países como Zâmbia e África do Sul, cerca de 20% da população são
portadores da doença.
O estudo constatou que a cianovirina, uma
proteína que está presente em algas, é capaz de impedir a multiplicação
do vírus HIV no corpo humano e pode ser introduzida em sementes de soja
geneticamente modificadas, o que permite que seja produzida em larga
escala. A partir dai, é possível desenvolver um gel para prevenir a contaminação por ter propriedades viricidas.
Elibio
Rech explica que os efeitos positivos da cianovirina estão comprovados
desde 2008, após testes realizados com macacos pelo NIH. “O que faltava
era descobrir uma forma eficiente e econômica para produzir a proteína
em larga escala.”
Ele destaca que, ao investir em pesquisas com
biofármacos, a Embrapa espera fazer com que esses medicamentos cheguem
ao mercado farmacêutico com menor custo, já que são produzidos
diretamente em plantas, bactérias ou no leite dos animais, as chamadas
biofábricas, o que pode reduzir os custos de produção em até 50 vezes.
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