segunda-feira, março 11, 2019

A cada três horas, um professor da rede municipal pede licença por problemas mentais.

A estatística corresponde a 8% do quadro de professores do município, que hoje conta com 38.881 docentes. O licenciamento é um passo posterior ao afastamento por motivos médicos, feito por meio de atestados. Somente no ano passado, foram registrados 29.495 atestados de seis dias por questões de saúde mental.

Não apenas de problemas psicológicos sofrem os docentes. Um total de 1.926 afastamentos foi autorizado ano passado por conta de doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo. Isso inclui artroses e Lesão por Esforço Repetitivo (LER), por exemplo.

Segundo professores, o ensino é estressante por causa das más condições de trabalho: entre as queixas mais comuns estão a alta carga horária, conflitos com alunos, violência e falta de estrutura. O problema cria um desafio para o município, que precisa substituir os afastados para manter as aulas.

— A saída acaba sendo o famoso jeitinho. A turma fica um tempo sem professor ou o diretor da escola assume o horário. Também acontece de um docente dar aulas para duas turmas ao mesmo tempo. Às vezes, um inspetor é colocado dentro de sala de aula para tomar conta dos estudantes durante o tempo ocioso — afirma Gustavo Miranda, coordenador-geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ).

Segundo Miranda, a quantidade de licenças na rede municipal de ensino é alarmante:

— Salas lotadas são um dos fatores que mais impactam na vida do professor. Além disso, há a violência. É necessária uma política para lidar com a questão das licenças de forma preventiva.

Diretora da Associação Brasileira de Psiquiatria, Fátima Vasconcellos afirma que é hora de se buscar uma solução para um problema que, como mostra o número de licenças, ganhou grande proporção:

— É necessária uma maior divulgação do que está acontecendo nas escolas, criar um programa de atendimento específico que também tenha o objetivo de acabar com o preconceito, pois ele existe.

Em nota, a Secretaria municipal de Educação informou que, atualmente, há 800 professores afastados, e que a reposição é feita temporariamente, a partir da concessão de duplas regências temporárias. Questionada sobre ações para a saúde dos docentes, o órgão destacou que que trabalha “na consolidação de canais de escuta e valorização dos servidores, com vista ao atendimento de questões administrativas e funcionais.”

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