A estatística corresponde a 8%
do quadro de professores do município, que hoje conta com 38.881
docentes. O licenciamento é um passo posterior ao afastamento por
motivos médicos, feito por meio de atestados. Somente no ano passado,
foram registrados 29.495 atestados de seis dias por questões de saúde
mental.
Não apenas de problemas psicológicos sofrem os docentes.
Um total de 1.926 afastamentos foi autorizado ano passado por conta de
doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo. Isso inclui
artroses e Lesão por Esforço Repetitivo (LER), por exemplo.
Segundo
professores, o ensino é estressante por causa das más condições de
trabalho: entre as queixas mais comuns estão a alta carga horária,
conflitos com alunos, violência e falta de estrutura. O problema cria um
desafio para o município, que precisa substituir os afastados para
manter as aulas.
— A saída acaba sendo o famoso jeitinho. A turma
fica um tempo sem professor ou o diretor da escola assume o horário.
Também acontece de um docente dar aulas para duas turmas ao mesmo tempo.
Às vezes, um inspetor é colocado dentro de sala de aula para tomar
conta dos estudantes durante o tempo ocioso — afirma Gustavo Miranda,
coordenador-geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do
Rio de Janeiro (Sepe-RJ).
Segundo Miranda, a quantidade de licenças na rede municipal de ensino é alarmante:
—
Salas lotadas são um dos fatores que mais impactam na vida do
professor. Além disso, há a violência. É necessária uma política para
lidar com a questão das licenças de forma preventiva.
Diretora
da Associação Brasileira de Psiquiatria, Fátima Vasconcellos afirma que
é hora de se buscar uma solução para um problema que, como mostra o
número de licenças, ganhou grande proporção:
— É necessária uma
maior divulgação do que está acontecendo nas escolas, criar um programa
de atendimento específico que também tenha o objetivo de acabar com o
preconceito, pois ele existe.
Em nota, a Secretaria municipal de
Educação informou que, atualmente, há 800 professores afastados, e que a
reposição é feita temporariamente, a partir da concessão de duplas
regências temporárias. Questionada sobre ações para a saúde dos
docentes, o órgão destacou que que trabalha “na consolidação de canais
de escuta e valorização dos servidores, com vista ao atendimento de
questões administrativas e funcionais.”
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