Uma descoberta realizada há 14 anos
levou um pesquisador da PUC-RS, de Porto Alegre, a desenvolver uma
pesquisa inovadora, que pode resultar em uma vacina para controlar o
avanço do câncer de próstata, como mostra a reportagem do Teledomingo,
da RBS TV (veja o vídeo). A doença é o segundo tipo de tumor que mais
mata homens no Rio Grande do Sul e em todo o país.
Ao misturar uma substância chamada
“modulador do sistema imunológico” em algumas células doentes, o médico
Fernando Kreutz conseguiu fazer com que células que antes ficavam
escondidas do sistema imunológico no organismo mudassem de cor e se
tornassem visíveis.
“Nosso sistema imunológico não consegue
enxergar que aquela é uma célula tumoral, é como se ela ficasse
invisível. Eu consegui fazer com que essa célula, que antes era
invisível, se tornasse visível. Marquei a célula como se dissesse ‘olha,
sistema imunológico, ataca ela porque ela é uma célula que tu precisa
descobrir’”, explica Kreutz.
A partir desta descoberta, o pesquisador
começou a produzir uma vacina usando células doentes retiradas do
próprio paciente. As células são reproduzidas em laboratório,
bombardeadas com radiação e morrem. A estrutura celular, já sem o
câncer, recebe então a substância moduladora e é aplicada no paciente
como vacina. “O sistema imunológico reconhece isso e prolifera,
multiplica essas células que vão destruir o tumor”.
Os testes clínicos para a vacina
começaram em 2002. No total, foram avaliados 107 pacientes com
diagnóstico de câncer de próstata que precisavam de cirurgia. Depois, um
grupo de 48 homens com idade média de 63 anos foi selecionado e o
resultado foi surpreendente.
Vinte e dois homens fizeram o tratamento
convencional, apenas com radioterapia e hormônios, enquanto 26
receberam também as doses da vacina. Depois de cinco anos, a avaliação
mostrou que, no primeiro grupo, 48% dos homens estavam com a doença
indetectável, ou seja, aparentemente curados. No grupo que tomou a
vacina, esse índice saltou para 85%. Outro dado deu ainda mais esperança
aos pesquisadores: a redução do número de mortes que, nestes casos, tem
um índice médio de 20%.
“No grupo de controle que recebeu o
tratamento convencional, tivemos 19% de mortalidade, exatamente o que
era esperado estatisticamente. No grupo vacinado, tivemos uma
mortalidade de 9%. Isso significa que a chance de o paciente morrer
fazendo o tratamento convencional foi de uma em cada cinco pessoas,
enquanto no grupo vacinado foi um em cada 11 pacientes.
Na próxima fase, 400 homens de todo o país vão participar da pesquisa. A produção da vacina ainda não tem data prevista.Via Veja.
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