O Ministério Público Federal (MPF)
enviou parecer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre o cálculo de
correção do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O documento,
assinado pelo subprocurador-geral da República Wagner Mathias, recomenda
que os saldos de FGTS sejam reajustados segundo o índice oficial de
inflação ou que se considere, “alternativamente”, uma mudança no cálculo
da Taxa Referencial (TR), “a fim de que sejam corrigidas as distorções
que a tornam incompatível com a finalidade da proteção jurídica
conferida – no âmbito analisado – aos saldos do FGTS”.
O documento, datado de 28 de março, foi
disponibilizado nesta terça-feira no portal do MPF e da Procuradoria
Geral da República. Segundo a argumentação do subprocurador, o cálculo
da TR vem sendo afetado desde 1999, quando passou-se do regime de câmbio
administrado para flutuante, com “impacto direto nos cotistas do FGTS,
ao não refletir as perdas inflacionárias efetivamente sofridas no
período”.
O parecer do MPF dá razão à reclamação que consta de milhares de ações judiciais que chegaram ao STJ contra a Caixa Econômica Federal,
para que os fundos sejam corrigidos de forma a não perder para a
inflação. Em 25 de fevereiro, o ministro do STJ Benedito Gonçalves
determinou a suspensão de todas as ações judiciais,
em quaisquer instâncias da Justiça – federal ou estadual – que pedem
correção dos saldos do FGTS por índices diferentes da TR. Essa suspensão
vale até que a Primeira Seção do Tribunal julgue o Recurso Especial
1.381.683, que foi considerado “controvérsia repetitiva”. Dessa forma, o
STJ pretende diminuir a insegurança jurídica sobre o tema.
A decisão do STJ em relação ao recurso
mencionado deve ocorrer ainda em abril e servirá para balizar o
entendimento dos tribunais inferiores e criar uma espécie de
jurisprudência sobre o tema. A substituição da TR, segundo o governo,
abriria caminho para a revisão de todos os contratos de financiamento
com recursos do FGTS – além da aquisição de moradias, o financiamento
estudantil, por exemplo. A Caixa, por sua vez, contesta todas as ações
que pedem a mudança no sistema de correção do FGTS.
O banco estatal também recorre contra
uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) protocolada no Supremo
Tribunal Federal (STF) pelo partido Solidariedade, presidido pelo
deputado federal Paulinho da Força (SP). A Adin pede a troca da TR, no
cálculo, por um índice inflacionário, como INPC ou IPCA.
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