Pelo menos 3.935 famílias brasileiras enfrentam angústia de não saber
se seu filho tem ou não microcefalia. São pais e mães comunicados sobre
a suspeita de o bebê apresentar a má-formação, mas que não receberam,
até o momento, um diagnóstico fechado. Aguardam a realização de exames
complementares, como ultrassom e em muitos casos, tomografias.
Até agora, a maioria dos casos permanece sem esclarecimento. Do total
de notificações no Brasil, 74% ainda são classificadas como “em
investigação.” O maior porcentual ocorre no Norte, onde 87% dos
registros seguem sem esclarecimento. Mas no Sudeste, onde a oferta de
serviços de saúde é significativamente maior, a situação não é muito
diferente. A taxa de casos em investigação nos Estados da região é de
84%.
O secretário de Atenção à Saúde, Alberto Beltrame, admite demora na
avaliação de casos suspeitos de microcefalia, afirma que o problema pode
levar ao sofrimento das famílias e diz ser necessária a adoção de
medidas para reverter esse quadro.
“Esperávamos que esse número tivesse se reduzido, mas não foi o que vimos.”
Entre as opções estão mutirões e colaboração com Ministério de
Desenvolvimento Social (MDS), que ficaria encarregado, por exemplo, de
transportar mães e bebês em veículos próprios para levá-los a centro de
diagnóstico. “Não é urgência médica, mas uma questão humanitária.”
Há três semanas, a secretaria passou a enviar missões para Estados
considerados mais críticos. Foram visitados Ceará, Rio Grande do Norte,
Sergipe, Bahia e Pernambuco. Nos próximos dias, será a vez de Tocantins,
Mato Grosso, Alagoas, Maranhão e Piauí. Esta semana, será discutida com
Estados estratégias para reduzir a fila. “Há possibilidade de zerar a
espera. Não podemos dar prazo, mas vamos agir para isso ocorrer.”
A demora na divulgação no resultado final é provocada por um misto de
fatores: burocracia, falta de infraestrutura ou agilidade para
providenciar transporte das crianças a centros onde seria possível fazer
o exame confirmatório e, sobretudo, desconhecimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário