A queda da arrecadação e o crescimento de gastos obrigatórios,
principalmente da Previdência Social, fez o Governo Central (Tesouro
Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrar o maior déficit
primário da história para meses de maio.
No mês passado, o
resultado ficou negativo em R$ 29,371 bilhões, rombo 83,2% maior que o
déficit de R$ 15,478 bilhões registrado em maio do ano passado em
valores corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA).
O déficit primário é o resultado negativo nas contas do
governo sem considerar o pagamento dos juros da dívida pública. Com o
desempenho de maio, o déficit primário, que até abril vinha caindo,
voltou a subir no acumulado do ano. No acumulado de 2017, o Governo
Central registra resultado negativo de R$ 34,984 bilhões, contra déficit
de R$ 23,716 bilhões registrados nos cinco primeiros meses do ano
passado. Esse também é o pior resultado para o período.
Os números de maio indicam uma reversão da trajetória das contas federais. Em abril, o Governo Central tinha registrado o maior superávit primário
para o mês em três anos, impulsionado pelo pagamento do Imposto de
Renda Pessoa Física e pela arrecadação de royalties de petróleo.
Nos
cinco primeiros meses do ano, as receitas líquidas caíram 3,3%,
descontada a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo (IPCA), mas as despesas totais acumulam recuo menor:
1,1%, também considerando o IPCA. Até abril, as despesas vinham caindo
mais do que as receitas líquidas.
Em relação às despesas, a alta
foi puxada pela Previdência Social e pelo funcionalismo público. Os
gastos com os benefícios da Previdência Social subiram 7,2% acima da
inflação nos cinco primeiros meses do ano, por causa do aumento do valor
dos benefícios e do número de beneficiários. Por causa de acordos
salariais fechados nos dois últimos anos, os gastos com o funcionalismo
acumulam alta de 11,8% acima do IPCA de janeiro a maio.
As demais
despesas obrigatórias acumulam queda de 13,6%, também descontada a
inflação oficial. O recuo é puxado pela reoneração da folha de
pagamentos, que diminuiu em 33% a compensação paga pelo Tesouro Nacional
à Previdência Social, e pela queda de 29,9% no pagamento de subsídios e
subvenções. Também contribuiu para a redução o não pagamento de
créditos extraordinários do Orçamento ocorridos no ano passado, que não
se repetiram este ano.
As despesas de custeio (manutenção da
máquina pública) acumulam queda de 13,4% em 2017 descontado o IPCA. A
redução de gastos, no entanto, concentra-se nos investimentos, que
totalizam R$ 12,264 bilhões e caíram 48,4% de janeiro a maio, em valores
também corrigidos pela inflação.
Principal programa federal de
investimentos, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) gastou R$
8,025 bilhões de janeiro a maio, redução de 53,4%. O Programa Minha
Casa, Minha Vida executou R$ 897,2 milhões, retração de 66,6% na
comparação com o mesmo período do ano passado. Essas variações descontam
a inflação oficial.
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