O julgamento do policial militar Victor Cristilder Silva dos Santos
entra no segundo dia (28) com o depoimento de 16 testemunhas de acusação
e de defesa. Ontem (27) foram ouvidas quatro testemunhas de acusação,
três delas policiais responsáveis pela investigação e outra, uma vítima
da chacina. A expectativa era de que fossem ouvidas 25 testemunhas, mas
duas delas foram dispensadas e as outras três - entre elas, duas
protegidas e que embasaram toda a investigação - não foram encontradas
para falar ao júri popular.
O policial Cristilder, como é mais
conhecido, está sendo julgado por participação nas chacinas de Osasco e
Barueri, ocorrida em agosto de 2015 e que provocou 17 mortes. Ele será
julgado em júri popular, composto por quatro homens e três mulheres.
Ontem, durante o júri, Cristilder não manifestou qualquer emoção – ficou
o tempo todo fazendo anotações em um caderno -, em algumas
oportunidades, chamava seu advogado para fazer sugestões ou
questionamentos às testemunhas.
Depois de serem ouvidas todas as
testemunhas, o réu será interrogado. Em seguida, acontece as fases de
debates da defesa e da acusação. Só então o júri popular se reunirá para
decidir se condena o policial militar por participação nas mortes. O
júri será presidido pela juíza Élia Kinosita Bulman. A previsão inicial é
que o julgamento se estenda até sexta-feira.
Segundo a acusação, o policial teria trocado mensagens no celular com
um guarda municipal para avisar o horário da chacina. Além disso, ele
teria dirigido um dos carros utilizado no massacre e efetuado disparos
com armas de fogo contra as vítimas. Ele foi acusado por oito mortes de
reclusão e por tentativa de homicídio.
A base da investigação
policial é o depoimento de uma testemunha protegida, chamada de Beta.
Essa testemunha contou aos policiais ter sobrevivido a uma chacina em
Carapicuíba no dia 8 de agosto, episódio que ficou conhecido como
pré-chacina de Osasco. A ação ocorreu uma semana antes das chacinas de
Osasco e Barueri. Beta reconheceu o policial Cristilder, que ela chama
de Boy, autor do disparo que matou o seu amigo, com quem estava na noite
do crime. Cristilder, aliás, responderá também por esse crime em um
julgamento em data a ser definida.
A testemunha, segundo a
acusação, reconheceu o carro que Cristilder usou na chacina de
Carapicuíba como o mesmo utilizado na chacina de Osasco. A defesa de
Cristilder tenta, nesse júri, desacreditar a testemunha, dizendo que ela
deu diversas informações que não foram depois comprovadas pela
investigação. A defesa também argumenta que a testemunha pode ter se
confundido no reconhecimento, já que Boy também é apelido de um outro
policial, parecido fisicamente com Cristilder.
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