Indústria gasta mais em segurança do que com pesquisa e
desenvolvimento, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria
(CNI). Segundo a confederação, no ano passado, foram gastos cerca de R$
30 bilhões com segurança, enquanto, com pesquisa, foram gastos R$ 12,5
bilhões, de acordo com os últimos dados disponíveis, do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2015.
"É uma
despesa que está fora do lugar", diz o diretor de Políticas e Estratégia
da CNI, José Augusto Fernandes. "As empresas estão tendo perdas com
segurança pública no Brasil, com perda de mercadorias, com a necessidade
de gastar mais com segurança. O conjunto das despesas faz com que a CNI
estime que se gasta mais em segurança pública que em pesquisa e
desenvolvimento", acrescenta.
De acordo com a CNI, em 2017, a
indústria de transformação teve que gastar R$ 30 bilhões devido à
roubos, furtos, vandalismos, além de gastos com seguro e segurança
privada. Com pesquisa e desenvolvimento, todos os ramos da indústria,
incluídas também a indústria extrativa e da construção civil, gastaram
R$ 12,5 bilhões, em 2015, segundo o IBGE.
Hoje (5), a CNI
divulgou o Mapa Estratégico da Indústria 2018–2022, que traz uma agenda
para o próximo governo, que será eleito em outubro. O documento listou
11 fatores-chave para aumentar a competitividade e promover o
crescimento sustentado da economia nos próximos quatro anos, elaborado
com base em sugestões de empresários. A segurança pública é um desses
fatores.
De acordo com a pesquisa, para 12% dos empresários, a
segurança pública afeta muito na hora de investir e escolher a
localização da empresa. Outros 23% disseram que afeta moderadamente a
decisão de investimento, em termos da localização. Para 33% afeta pouco;
para 25% não afeta. Outros 7% não responderam. Para a CNI, o resultado
mostra que localizações mais eficientes, perto da fonte das
matérias-primas ou do consumidor, são desconsideradas devido à
insegurança, o que aumenta o custo de produção.
A CNI diz que a
baixa qualidade da segurança pública faz com que as pessoas paguem duas
vezes, primeiro em impostos e depois em segurança privada. Um impacto
indireto é a redução da produtividade dos trabalhadores. "A ansiedade em
relação à própria segurança e à de sua família prejudica o aprendizado e
a concentração dos trabalhadores, além de gerar atrasos e até mesmo
ausências do trabalho", diz o estudo.
A intervenção federal no
Rio de Janeiro colocou em evidência a segurança pública no país e o
debate sobre a necessidade ou não de maior presença do governo federal
nos demais entes federativos. Para a CNI, a melhoria da segurança
pública "deve resultar em maior qualidade de vida e um ambiente mais
favorável à atividade econômica", diz o relatório.
A confederação
recomenda ao novo governo o estímulo a criação de um plano nacional de
segurança pública; estímulo à criação de sistema nacional de informações
de segurança, com dados padronizados e disponíveis à sociedade; e,
promoção do combate à pirataria e à venda de produtos roubados.
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