Você já deve ter ouvido alguma dessas três frases: 1) Nada de
relevante será votado no Congresso porque os parlamentares estão em
campanha; 2) Só no próximo governo será possível discutir o que fazer
com o rombo da Previdência; 3) Só depois de eliminar por completo o foro
privilegiado vai-se conseguir colocar todos os corruptos com mandato na
cadeia. Essas frases possuem dois elementos em comum: elas são tão
difundidas que parecem verdadeiras. Mas são falsas.
Quem tem vontade, trabalha. Dizia-se que só depois do fim do mandato
Michel Temer poderia ser processado por crimes anteriores à sua chegada
ao Planalto. A procuradora-geral Raquel Dodge argumentou que a
investigação poderia, sim, ser feita desde já. O Supremo concordou. E os
inquéritos avançam de tal forma que os operadores de Temer já receiam
que ele receba a visita dos rapazes da Polícia Federal quando descer a
rampa Planalto.
As frases protelatórias são como artigos invisíveis de uma Lei não
escrita: a Lei do ‘Empurra-com-a-barriga’. O Brasil vive uma emergência:
o governo se esfacela, a economia claudica e larápios pedem votos como
se nada tivesse sido descoberto sobre eles. Mas o dito poder público
aciona a barriga para empurrar o segundo semestre pela janela.
Triste o país que, sem lideranças, enfrenta com tempos
extraordinários sob o comando de personagens tão ordinários. Enquanto
isso, os 13 milhões de desempregados cuidam dos minutos, porque as horas
passam. E a geladeira continua vazia.
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