No ano de 2016, foram assassinadas 4.645 mulheres no país, o que
representa uma taxa de 4,5 homicídios para cada 100 mil brasileiras. O
aumento em dez anos foi de 6,4% - em 2006, foram mortas 4.030 mulheres
no Brasil e a taxa de homicídio feminino ficou em 4,2 por grupo de 100
mil.
Os dados fazem parte do estudo Atlas da Violência 2018, apresentados
ontem (5) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo
Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
A situação se agrava quando consideradas apenas as negras, que inclui
as mulheres pretas e pardas. Enquanto entre as mulheres negras a taxa
de homicídio ficou em 5,3 por grupo de 100 mil em 2016, entre as não
negras, englobando brancas, amarelas e indígenas, a taxa foi de 3,1, uma
diferença de 71%.
“Nos últimos 10 anos a taxa de homicídios de mulheres não negras
diminuiu 8% e no mesmo período a taxa de homicídio de mulheres negras
aumentou 15%. Ou seja, é necessário que haja uma focalização das ações
do Poder Público, no sentido de reverter esse cenário trágico que a
gente pode ver a partir do Atlas”, destacou o pesquisador do FBSP David
Marques.
Em 12 estados, o aumento da taxa de homicídio de mulheres negras foi
maior do que 50%, sendo dois deles superior a 100%, Amazonas e Rio
Grande do Norte. Em Roraima o aumento de assassinatos de mulheres negras
em 10 anos foi de 214%. Goiás apresenta a maior taxa de homicídio de
negras, com taxa de 8,5 por grupo de 100 mil. No Pará foram
assassinadas, em 2016, 8,3 mulheres negras para cada grupo de 100 mil e
em Pernambuco a taxa ficou em 7,2. São Paulo, Paraná e Piauí tem as
menores taxas de homicídio de mulheres negras do país, com 2,4, 2,5 e
3,4 por 100 mil, respectivamente. Em sete estados houve redução da taxa
no período, entre 12% e 37%.
Entre as mulheres brancas, houve crescimento no número de
assassinatos superior a 50% em seis estados. No Tocantins o crescimento,
entre 2006 e 2016, chegou a 131,5%, na Bahia 148,4% e no Maranhão houve
aumento de 246,9% na taxa de homicídio de mulheres não negras. O estado
mais violento para esse grupo é Roraima, onde 21,9 mulheres não negras
são assassinadas a cada grupo de 100 mil, seguido de Rondônia, com taxa
de 6,6, e Tocantins, com 5,7. Os estados que menos matam mulheres não
negras são o Piauí, com 0,8 por 100 mil, Ceará, com 1, e Alagoas, com
1,3. Excluindo Roraima, nenhum estado tem taxa de homicídio de não
negras superior a 7 por 100 mil, enquanto entre as mulheres negras
apenas sete estados tem taxas abaixo de 5.
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