A Delegacia de Defraudações da Polícia Civil do Rio fez ontem (24) uma
megaoperação de combate à emissão de diplomas escolares falsos,
entregues a pessoas que não concluíram os estudos. Os supostos formandos
tiveram até os nomes publicados em Diário Oficial. A Polícia
Civil calcula que nos últimos cinco anos, o grupo investigado movimentou
cerca de R$ 700 milhões, com a emissão de 350 mil diplomas. Foram
aproximadamente R$ 140 milhões e 70 mil certificados por ano letivo.
Mais de 110 policiais civis cumpriram mandados de busca e apreensão
em escolas e residências de donos, diretores e funcionários de colégios
no centro e nas zonas sul, norte e oeste da capital, além das cidades de
Duque de Caxias, Belford Roxo e Nilópolis, na Baixada Fluminense.
Entre os alvos da primeira fase da Operação Nota Zero estão um
oficial da Polícia Militar reformado, que consta como sócio e diretor de
um dos colégios investigados e já tem oito anotações criminais,
inclusive por associação criminosa e falsidade ideológica, e um
ex-conselheiro do Conselho Estadual de Educação, que, além de dono de
uma das escolas, participava das votações que autorizavam ou não o
funcionamento de unidades de ensino no estado do Rio. Este, inclusive,
ainda ocupava o cargo de conselheiro quando seu colégio, mesmo em meio a
denúncias de fraude na emissão de documentos, teve o credenciamento
renovado.
Ao todo, estão sendo investigadas 11 escolas particulares, que
participam de um grande esquema de fornecimento de históricos escolares e
certificados fraudulentos de conclusão do ensino médio em cursos à
distância, principalmente no sistema de Educação de Jovens e Adultos
(EJA). Esses documentos estão sendo usados em tentativas de ingresso em
universidades, concursos públicos e empregos em diferentes partes do
país.
A denúncia, que desencadeou a operação, partiu da Diretoria de
Inspeção Escolar, Certificação e Acervo da Secretaria Estadual de
Educação.
Ainda segundo a Polícia Civil, os indícios apontam que algumas dessas
unidades escolares sequer funcionam de fato. São escolas de fachada,
montadas com o único objetivo de obter vantagem financeira. Muitas não
têm professores e nem salas de aula. Uma delas, por exemplo, tem
capacidade máxima para atender 100 alunos, mas possui mais de 5 mil
matriculados.
De acordo com a titular da Delegacia de Defraudações, Patrícia
Aguiar, essas escolas estão proibidas de emitir certificados fora do
estado do Rio. “Por determinação da Secretaria Estadual de Educação, o
curso a distância precisa ter 20% de aulas presenciais. Ficou comprovado
que essas instituições de ensino sequer têm capacidade física para
isso”, disse. Via A/B.
Nenhum comentário:
Postar um comentário