sábado, março 15, 2014

'Não é possível um piloto desligar todos os sustemas de comunicação', diz especialista.

Parente de passageiro a bordo do avião da Malaysia Airlines, desaparecido desde o último sábado (7), espera por notícias no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur
Parente de passageiro a bordo do avião da Malaysia Airlines, desaparecido desde o último sábado (7), espera por notícias no Aeroporto Internacional de Kuala Lumpur

O avião desaparecido voou por mais algumas horas após sua última localização revelada, diz Joselito Souza, engenheiro com mais de 20 anos de experiência em manutenção de aviões e que desde 1996 trabalha com o modelo Boeing 777, o mesmo utilizado no voo MH370 que desapareceu no último sábado com 239 pessoas a bordo. Em entrevista ao site de VEJA, o especialista, que também trabalhou como consultor do Boeing 777 para o desenvolvimento do jogo Flight Simulator, esclareceu dúvidas técnicas que surgiram no decorrer das buscas. Afirmou também que é “praticamente impossível o piloto desligar todas as formas de comunicação da aeronave”, pois muitas são automáticas e independem da ação humana. Para que tais sistemas parassem, o avião teria de ter caído ou explodido no ar. O especialista salienta, contudo, que não é possível saber o que houve de fato – uma vez que não há quaisquer vestígios da aeronave. Ainda segundo Souza, é praticamente impossível que uma aeronave exploda sem deixar rastros.

“Há apenas alguns sistemas que ficam sob controle do piloto e podem ser desligados. O transponder [aparelho de identificação das aeronaves que emite um sinal para os radares] é um deles. É possível ficar invisível ao radar. Mas não é possível o piloto desligar o todo sistema que envia informações sobre a situação do avião para outras fontes”. De acordo com Souza, o envio de dados necessariamente vai para a companhia aérea e, dependendo do contrato da empresa com a fabricante da aeronave, as informações também são enviadas para a Boeing e para a fabricante dos motores. As informações enviadas para as companhias independem da vontade do piloto. Nesta quinta, o Wall Street Journal revelou que o avião teria voado por cerca de quatro horas após sumir dos radares. As autoridades malaias negaram a informação.

O especialista crê que o transponder realmente possa ter sido desligado e isso explica seu último ponto de localização captado pelos radares, sobre o Mar do Sul da China, cerca de uma hora após a decolagem em Kuala Lumpur. E crê também que o avião seguiu voando após o desligamento do aparelho. “Parece-me que não há um comando centralizado para revelar as informações. Então, cada autoridade do país [Malásia] fala o que quer para imprensa. O Wall Street Journal é um jornal extremamente confiável e não teria motivos para inventar uma história dessa gravidade”, afirma Souza. “Não tenho conhecimento desse desencontro de informações na história da aviação.

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