Desde o início de sua nova política de
preços de combustíveis, no início deste mês, a Petrobrás já fez 18
reajustes, quase um por dia. O último começou a valer no sábado: queda
de 0,2% no diesel e alta de 1% na gasolina. No acumulado do mês, sem
considerar a elevação de impostos anunciada no dia 20, a gasolina ficou
2,6% mais cara nas refinarias e o diesel, 6,4%, conforme o Centro
Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
O “sobe e desce” ainda não chegou aos
consumidores, mas, no longo prazo, a tendência é de queda. Desde que a
Petrobrás passou a alinhar seus preços com o mercado internacional, em
outubro de 2016, o preço da gasolina acumula queda de 13,8% e o do
diesel, de 12,1%. Antes do estabelecimento da flutuação diária, as
mudanças de preço eram mensais.
Um cenário semelhante ao dos Estados
Unidos, com preços nas bombas mudando quase todo dia, porém, parece
distante. Conforme levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP), entre a semana encerrada em 1.º de
julho e a encerrada em 22 julho, houve baixa para os consumidores, na
média nacional: -1,31% na gasolina e -1,32% no diesel.
Os preços nas bombas não refletem o sobe e
desce dos valores anunciados pela Petrobrás porque os distribuidores,
que compram os combustíveis nas refinarias e revendem aos postos, estão
segurando repasses, segundo José Alberto Gouveia, presidente do
Sincopetro, sindicato dos donos de postos de São Paulo. “No momento,
está todo mundo perdido. Os reajustes estão tão constantes que não dá
para mexer na bomba”, disse.
Neste primeiro mês, a prática no mercado
paulista tem sido segurar repasses inferiores a 2,5%, embora cada
distribuidor tenha sua política de preços, acrescentou Gouveia.
Procurado, o Sindicom, sindicato nacional das distribuidoras, não quis
se manifestar.
Segundo o consultor John Forman,
ex-diretor da ANP, em muitos países, é comum que a definição dos preços
de combustíveis passe por decisões políticas, em função da maior ou
menor presença do Estado na economia. No Brasil, não há regulação formal
dos preços, mas, como a Petrobrás controla quase todas as refinarias, a
estatal acaba tendo esse papel Forman lembra que, principalmente no
primeiro governo Dilma Rousseff, a estatal perdeu bilhões de reais aos
segurar os preços da gasolina para evitar a inflação, enquanto os preços
internacionais estavam nas alturas.
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