O ser humano está exaurindo os recursos naturais do planeta Terra em
uma velocidade superior ao que a natureza consegue se recompor,
colocando em risco a qualidade de vida das próximas gerações. O alerta
foi feito por ambientalistas nesta quarta-feira (2), que marca o Dia de
Sobrecarga da Terra. Para dar visibilidade ao tema, houve atividades e
debates em vários países. No Brasil, um dos eventos ocorreu no Museu do
Amanhã, com transmissão simultânea pela internet.
“Estamos em um
momento em que precisamos dar uma virada. Mudar o jogo na relação
sociedade versus natureza. Temos uma janela de oportunidade de 10 ou 20
anos para reagirmos. Se isto não acontecer, as condições de vida no
planeta vão estar comprometidas”, disse o diretor-geral do World
Wildlife Found – WWF Brasil, Maurício Voivodic.
Segundo Voivodic, é preciso haver reflexão sobre os padrões de
consumo de nossa sociedade. Uma das principais questões no Brasil,
segundo ele, é debater o uso do solo para a agropecuária, que gera
desmatamentos para plantações e criação de gado.
“A gente está
indo ladeira abaixo. É preciso parar de converter os ecossistemas. Temos
que mudar a produção, sem ir para cima dos ambientes naturais”, disse o
diretor da WWF, que também apontou o aumento no desmatamento em
unidades de conservação no país por falta de proteção. “Não basta criar.
Temos que fortalecer e consolidar as unidades de conservação”.
A
velocidade de degradação do planeta e dos biomas brasileiros também
preocupa o ambientalista Bráulio Dias, ex-secretário executivo da
Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU. Ele demonstrou que grande
parte dos ambientes naturais brasileiros já foram devastados, com
destaque para a Mata Atlântica, que perdeu 78% de sua área original, o
Cerrado (perda de 50%) e a Floresta Amazônica (perda de 19%).
“Tem
sido difícil criar unidades de conservação no Brasil. Temos mais de mil
espécies de nossa fauna ameaçadas de extinção”, alertou Bráulio. Ele
apontou que cerca de 50% das unidades não têm funcionários suficientes, o
que coloca em risco as áreas protegidas, deixadas à mercê de invasões
de grileiros de terras, que transformam as matas em pastagens e
plantações.
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