Quatro dias antes de ser morta a tiros, a vereadora do Rio Marielle
Franco (PSOL) fez uma publicação nas redes sociais denunciando supostas
ações violentas da Polícia Militar no Acari, bairro da zona norte
carioca. A postagem trazia uma imagem com as frases “Parem de nos matar”
e “Somos todos Acari”, junto da hashtag “Vida nas favelas importam”.
Também no sábado, dia 10, Marielle havia compartilhado outra postagem
com novas críticas à Polícia Militar e escreveu “Chega de matar nossos
jovens”. Na véspera de sua morte, dia 13, ela voltou a criticar a
violência policial no Rio ao comentar sobre a morte do jovem Matheus
Melo, de 23 anos, baleado ao sair de um culto no Jacarezinho, na zona
norte do Rio. “Quantos jovens precisarão morrer para que essa guerra aos
pobres acabe?”, escreveu.
A vereadora e o motorista Anderson Pedro Gomes foram mortos a tiros
na noite de quarta-feira, 14, na região central do Rio. Eles voltavam do
evento “Mulheres negras movendo estruturas”, mediado por Marielle e com
a participação de outras militantes do movimento negro. Durante o
evento, participantes chegaram a lembrar que a data marcava 104 anos do
nascimento da escritora negra Carolina Maria de Jesus.
No fim do debate, a vereadora chegou a manifestar a preocupação em
organizar eventos com horário de encerramento anterior às 21h para
garantir a segurança das participantes. “Essa cidade precisa ser de fato
cuidada, e a gente sabe que não está sendo. Os nossos corpos, o nosso
transitar, a nossa mobilidade sempre fica ameaçada”, disse.
Às participantes, Marielle ainda comentou que mulheres negras, como
ela, estão “resistindo o tempo todo”. No encerramento, declarou a todos
para “sair daqui com o corpo, a mente fortalecida para as batalhas que
virão”.
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