A Justiça do Trabalho condenou Arquidiocese da Paraíba a pagar R$ 12
milhões de indenização por exploração sexual cometida por padres contra
crianças e adolescentes, segundo reportagem do programa Fantástico,
veiculada na noite de domingo (20) pela TV Globo. Na Justiça, os
envolvidos negaram os crimes.
“Foi apurado que havia um grupo de sacerdotes, de forma habitual, que
pagava por sexo a flanelinhas, coroinhas e também a seminaristas”,
afirmou o procurador Eduardo Varandas, ao Fantástico. Quatro padres da
Basílica Nossa Senhora das Neves, em João Pessoa, teriam tido relações
sexuais com os adolescentes, segundo a TV.
O jornal O Estado de S. Paulo procurou neste domingo a Arquidiocese e
o Ministério Público da Paraíba, mas não conseguiu contato. À TV, dom
Aldo Pagotto, que estava à frente da arquidiocese na época da denúncia,
disse que não participaria desse tipo de reportagem e que os padres
acusados já haviam sido inocentados na Justiça Criminal. A reportagem
afirma que esse inquérito, na realidade, foi arquivado. Dom Aldo deixou a
arquidiocese local em 2016.
O pagamento aos jovens explorados seria feito em dinheiro e até em
comida, segundo a denúncia. “A característica da exploração sexual é
ausência da vontade livre para praticar o ato”, disse Varandas.
Um ex-seminarista afirmou à TV ter sido explorado pelos sacerdotes.
“(Havia) abuso sexuais por parte dos padres e de seminaristas. Através
de palavras, de atos, pegavam nas minhas partes sexuais”, declarou a
vítima ao programa. Na época, ele tinha 17 anos. “A palavra de ordem
seria: ‘passando por esse processo você vai conseguir chegar a ser
padre’.”
Em depoimento para o Ministério Público do Trabalho, segundo a
reportagem, um ex-funcionário da Catedral disse que um dos padres
“levava coroinhas e outros meninos, todos menores de idade, para dormir
com ele nos quartos que ficavam atrás da Igreja”.
Um dos jovens que guardava carros na frente da Igreja declarou à
Justiça ter tido relação sexual com um padre da arquidiocese. O
flanelinha foi assassinado em dezembro de 2016 – segundo a Polícia Civil
da Paraíba, não haveria indícios de queima de arquivo. Ainda de acordo
com o ex-funcionário, que trabalhou por 30 anos na Basílica, outro padre
levaria “meninos para casa dele”.
As investigações de abuso começaram após o vazamento de uma carta que
denunciava casos na Igreja em 2014. Um inquérito criminal contra os
sacerdotes foi arquivado. Ao programa, o Ministério Público disse que
havia elementos para a denúncia, mas que os crimes já haviam prescrito. O
processo, porém, seguiu na Justiça do Trabalho. Para a sentença, foi
fixado o valor de R$ 1 milhão de indenização para cada ano de dom Aldo à
frente da Arquidiocese, segundo a reportagem.
O valor será destinado para fundos da infância e da adolescência e instituições que trabalham com jovens explorados.
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