Pelo menos 4.397 ônibus foram incendiados no Brasil em pouco mais de 30
anos. O número foi obtido pela Associação Nacional das Empresas de
Transportes Urbanos (NTU) e pela Confederação Nacional do Transporte
(CNT) e consta da publicação Fogueira da Insensatez – Por que Queimam os Ônibus no Brasil?, divulgada nesta semana.
De acordo com a publicação, ao menos 20 pessoas morreram em incêndios
criminosos registrados entre 1987 e o último dia 21. Além disso, 63
usuários desses veículos ficaram gravemente feridos. Segundo os
responsáveis pelo levantamento, o total de ônibus incendiados no período
é maior que as frotas de ônibus de Curitiba e Salvador, juntas.
De 2017 a 2018, o número de casos caiu de 345 para 225 ocorrências,
um resultado muito abaixo do total registrado em 2014, quando 657
veículos foram incinerados, informa a publicação. Neste ano, 25 ônibus
já foram atacados e queimados em apenas 21 dias - 17 deles no Ceará,
que, desde o último dia 2, enfrenta uma onda de crimes, com ataques a
ônibus, caminhões de lixo, veículos que prestam serviço à empresa
fornecedora de energia elétrica, prédios públicos, bancos e vias
públicas.
Para os pesquisadores, a impunidade é um fator que favorece a
perpetuação do problema que, para ser resolvido, exige melhoria dos
instrumentos de punição aos envolvidos, aperfeiçoamento das leis e
responsabilização do Estado. “Uma solução definitiva e duradoura só pode
ser alcançada por meio da educação, sobretudo das crianças e dos jovens
das comunidades mais afetadas por esses atos de violência. Este é o
melhor caminho”, diz o presidente do Conselho da NTU, Eurico Galhardi,
nas conclusões da publicação.
Galhardi enfatiza ainda a importância de mais investimentos em
educação. “E essencial que a população valorize e conserve os meios de
transporte – em especial quem os utiliza”, afirma.
Considerado todo o período analisado (2004/2019), as cidades com o
maior número de ocorrências foram São Paulo (441); Rio de Janeiro (336),
seguido pelo conjunto de municípios da região metropolitana do Rio de
Janeiro, onde 122 ônibus foram incinerados. Os estados com mais
registros foram São Paulo (700); Rio de Janeiro (570) e Minas Gerais
(385).
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