sexta-feira, maio 10, 2019

Pesquisadores formam rede para investigar chikungunya no Brasil.

A cabeleireira Vanessa Miranda, de 32 anos, mal conhecia a chikungunya quando foi diagnosticada com a doença, em maio de 2015 e enfrentou quatro anos de dores persistentes e incapacitantes que a afastaram do trabalho. O caso se Vanessa é um dos muitos estudados no Brasil por pesquisadores interessados em entender a evolução da virose para uma doença crônica.

Entender essa evolução é um dos principais objetivos da Rede de Pesquisa Clínica e Aplicada em Chikungunya (Replick), lançada hoje (10) em um simpósio no Rio de Janeiro. Pesquisadores de 11 centros de pesquisa em nove estados brasileiros fazem parte da iniciativa, que é coordenada pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz (INI/Fiocruz). A abrangência da rede vai permitir a investigação de 2 mil casos das cinco regiões do país. 

O grupo é multidisciplinar e inclui desde profissionais da área da saúde, como médicos, fisioterapeutas e psicólogos, até economistas e cientistas sociais. Além da evolução dos quadros clínicos, os pesquisadores querem mapear os impactos da doença no trabalho, no lazer e no estado psicológico e emocional dos pacientes.

"A gente quer dados para entender melhor a doença e quais as formas de amenizar o sofrimento das pessoas", diz o coordenador do INI/Fiocruz, André Siqueira, que também coordena a Replick. O infectologista explica que ainda há muitas perguntas a serem respondidas sobre a chikungunya, que foi menos estudada do que a dengue e a zika e tem se mostrado mais complexa e com uma maior diversidade de manifestações. Assim como a denge e a zika, a chikungunya também é transmitida pela picada do mosquito  Aedes aegypti.

Os pesquisadores também buscam entender a letalidade da chikungunya, que também é maior do que se pensava. "Havia uma impressão de que a doença causava dor e não causava óbito, mas isso está sendo revisto", disse Siqueira. "Pode ser devido tanto ao efeito do próprio vírus como por ser uma doença que causa muita dor e leva ao uso de medicações que podem ser tóxicas em alta quantidade e isso acaba sendo outro fator de complicações".

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