Representantes dos caminhoneiros voltaram a defender, ontem (8), que a
Petrobras reajuste o preço do óleo diesel com menos frequência,
espaçando o máximo possível os aumentos do valor do combustível. Segundo
representantes da categoria que participaram da audiência pública na
Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, a oscilação
dos preços tem inviabilizado a definição do valor do frete cobrado,
prejudicando os caminhoneiros autônomos e as transportadoras.
“Não temos a capacidade técnica de suportar aumento de preços
diários, quinzenais ou mesmo mensais”, disse o presidente da
Confederação Nacional do Transportes (CNT), Vander Francisco Costa, ao
apresentar a sugestão da entidade que representa as empresas de
transporte de carga. “Nossa proposta é que as variações de preços que
acompanham o mercado internacional sejam feitas com intervalo mínimo de
90 dias. A Petrobras tem condições de fazer isso sem alterar sua
política de preços”, afirmou Costa, lembrando que a própria Petrobras,
como contratante do transporte rodoviário, é prejudicada pela falta de
previsibilidade que tende a prejudicar os caminhoneiros ou encarecer o
frete.
Já o presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam),
José da Fonseca Lopes, criticou os frequentes aumentos do óleo diesel e o
descumprimento da tabela mínima de frete. A política do frete mínimo
foi uma das reivindicações dos caminhoneiros que paralisaram as estradas
de todo o país em maio de 2018. A Lei 13.703,
de agosto do ano passado, estabelece que os pisos mínimos de frete
deverão refletir os custos operacionais totais do transporte, definidos e
divulgados nos termos da Agência Nacional de Transportes Terrestres
(ANTT), com priorização dos custos referentes ao óleo diesel e aos
pedágios. O que, segundo Fonseca, está sendo descumprido.
“Ninguém está cumprindo a lei. O que está acontecendo é que o
caminhoneiros autônomos estão sendo penalizados, estão morrendo à
míngua. Não temos mais trabalho. O óleo diesel aumenta todos os dias.
Algo precisa ser feito urgentemente”, pediu o sindicalista. “Nos
subterrâneos, em volta do que está acontecendo aqui, está se armando
muita coisa ruim, muita coisa feia para desestabilizar este governo e
este país. Vocês podem achar que isto não é verdade, mas é”, acrescentou
Fonseca, explicando que diretores e membros da Abcam participam de
centenas de grupos de Whatsapp onde o “descontentamento” de cerca de 150
mil caminhoneiros “está fervendo”.
A superintendente de Serviços de Transporte Rodoviário e Multimodal
de Cargas da ANTT, Rosimeire Lima de Freitas, lembrou que, ao longo do
mês, a agência realizará audiências públicas para discutir a questão da
tabela do frete.
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