quarta-feira, junho 05, 2019

Brasileiros acreditam que pais que ficam em casa para cuidar dos filhos são “menos homem”.

Um estudo desenvolvido pelo Instituto Ipsos em parceria com o Instituto Global para a Liderança Feminina do King’s College London aponta que os brasileiros estão entre os que mais acreditam que o homem que fica em casa para cuidar dos filhos é “menos homem”. Apesar de todas as campanhas existentes em busca da igualdade de gênero essa afirmativa mostra que em se tratando de paternidade ativa, o assunto ainda é um tabu para parte da sociedade brasileira.

A psicóloga Danielle Azevedo explica que o homem não deve achar que o fato de exercer a paternidade de modo a compartilhar os cuidados com o filho e/ou os afazeres domésticos o torna menos masculino. Para ela, o diálogo é o caminho para essa quebra de tabu. “É possível promover uma nova postura acerca do papel do pai dentro de uma família. Dialogar é sempre fundamental para que haja essa reconstrução da figura paterna no seio familiar”, explica.

O estudo realizado com 1.000 brasileiros, entre os dias 21 de dezembro de 2018 e 4 de janeiro de 2019 identificou que 26% acreditam nessa ideia de “menos homem”, opinião que não difere entre homens e mulheres que participaram da pesquisa. Diante de tal realidade a psicóloga afirma que culturalmente falando – de uma forma bem generalizada –, o Brasil ainda possui uma cultura machista potencializada. “Isso está muito relacionado a própria história, patenteado à família nuclear, em que a mulher é vista como mãe, do lar e submissa. Já o homem, o pai é o provedor, o que garante o sustento da família e responsável por pagar as contas”, explica.

Apesar de existir esse pilar voltado para cultura do machismo, Danielle Azevedo acredita que tudo na vida é como o indivíduo se disponibiliza e se coloca no lugar do outro. “É preciso entender que há arestas que precisam ser trabalhadas, pois em alguns casos existe sempre a questão do que já foi experienciado por esse pai, há um contexto machista e de referências e traumas que podem estar ligados a essa questão dos cuidados, demonstração de carinho. Aí volto a afirmar que o diálogo é a válvula que ajusta toda e qualquer dificuldade”, defende.

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