Há dois anos, 195 países firmaram o Acordo de Paris, fruto da
Conferência Mundial do Clima (COP21) sobre a redução de emissões de
gases de efeito estufa. Era a primeira vez na história que governos
reconheciam conjuntamente os riscos associadas ao aquecimento global e
pactuavam um acordo global sobre o clima.
Apesar da relevância do
acordo, um estudo divulgado hoje (31), pela ONU Meio Ambiente afirma
que o acordo está em risco. Mesmo se fossem cumpridos todos os
compromissos assumidos, isso representaria apenas um terço do que é
necessário alcançar até 2030 para que os piores impactos das mudanças
climáticas sejam evitados, de acordo com a agência da ONU que é a
principal autoridade global em meio ambiente.
Divulgada a uma
semana do início da COP 23, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas, que ocorre em Bonn, na Alemanha, entre 6 e 17 de novembro, a
oitava edição do Relatório da ONU Meio Ambiente sobre a lacuna das
emissões, intitulada Emissions Gap Report, alerta que são
necessárias medidas urgentes para que o acordo possa entrar em vigor em
2020, conforme previsto na COP 21. “Os governos e os atores não estatais
precisam aumentar urgentemente sua ambição para garantir que os
objetivos do Acordo de Paris ainda possam ser alcançados, de acordo com
uma nova avaliação da ONU”, diz o relatório.
A principal meta em
questão é limitar o aquecimento máximo do planeta a uma temperatura
média “bem abaixo de 2 graus Célsius (°C) acima dos níveis pré-revolução
industrial”, com esforços para limitar o aumento de temperatura a
1,5°C, nos termos fixados em 2015.
“As ações para se chegar à
redução proposta em Paris são definidas por cada país, que diz como pode
contribuir com esse objetivo global comum”, explica o coordenador de
emissões do Observatório do Clima, Tasso Azevedo. Ele detalha que as
propostas atuais fazem com que as emissões de 2030 provavelmente
alcancem 11 a 13,5 gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente (GtCO2e) acima do nível necessário à adoção de uma trajetória condizente com o objetivo de evitar o aquecimento de 2ºC.
Nesse rumo, de acordo com as Nações Unidas, é “muito provável” que haja
aumento da temperatura de pelo menos 3°C até 2100. O cenário pode se
tornar ainda mais grave caso os Estados Unidos sustentem a intenção
declarada de deixar o Acordo de Paris em 2020, alerta o estudo. “Ainda
falta muito esforço a ser feito, por isso o que o relatório apresenta um
apelo para que, até 2020, quando vai ocorrer a primeira revisão das
metas, elas sejam fortalecidas para a gente diminuir essa distância
entre as propostas fixadas pelos países e a meta global”, destaca
Azevedo, que antecipa que, “se a gente não der mais ambição para essa
metas, estaremos numa situação ruim”.
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