O câncer de próstata — a doença acometeu
cerca de 61 mil homens no ano de 2016 no Brasil, segundo dados do INCA
(Instituto nacional do Câncer), pode levar a infertilidade. Isto
acontece porque a neoplasia e os tratamentos possíveis,
como radio, hormonioterapia e ou quimioterapia afetam a função
da glândula masculina, responsável por produzir compostos importantes do
líquido seminal que nutre os espermatozoides.
Além disso, a depender do caso, o médico
especialista pode indicar a retirada cirúrgica da glândula. “Sem a
próstata, a produção do líquido seminal é afetada, ou seja, o homem fica
infértil. Em casos em que não é preciso retirar a glândula, o
tratamento pode eliminar a produção dos espermatozoides”, explica o
urologista Joseph Monteiro, certificado em reprodução assistida pela
Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA).
O médico afirma que, em ambos os casos,
as técnicas de reprodução assistida podem permitir que o homem que
deseja ser pai tenha a sua fertilidade preservada. “Uma possibilidade é
congelar o semen em uma clínica de reprodução, antes da radioterapia.
Nos casos cirúrgicos, além da possibilidade do congelamento antes
da cirurgia, ainda é possível obter posteriormente os espermatozoides
diretamente do testículo para o processo de fertilização in vitro, no
qual o óvulo é fecundado no laboratório e o embrião é transferido para o
útero”, exemplifica.
A DOENÇA – O câncer de próstata é o
segundo tumor mais frequente em homens no Brasil, ficando atrás apenas
dos tumores de pele. Apesar de ser uma doença mais frequente após os 65
anos de idade, estão aumentando os casos a partir dos 50 anos de idade.
“Acredita-se que essa redução da idade é causada por equipamentos de
exame mais sensíveis, mas também por conta da maior conscientização do
risco do câncer prostático através de campanhas,
como por exemplo, o Novembro azul. Com isso, e o aumento da expectativa
de vida na população, é possível detectar a doença em pacientes que
ainda desejem ter filhos. Por isso é importante que saibam
da possibilidade de optar pela reprodução assistida, antes mesmo que se
inicie o tratamento”, reforça.
Em sua fase inicial, quando o tratamento
curativo é possível, o câncer de próstata é uma
doença silenciosa, praticamente sem sintomas. Com seu avanço podem
surgir dificuldade em urinar, perda do controle urinário, vontade
frequente de urinar, principalmente à noite, sangramento ao urinar ou
ao ejacular. Em casos mais avançados, podem surgir sinais como a
obstrução do aparelho urinário, dores abdominais, perda de peso e
apetite, anemia, cansaço e dores ósseas.
DIAGNÓSTICO – De acordo com a
Organização Mundial da Saúde, a detecção precoce de um câncer compreende
duas diferentes estratégias: uma destinada ao diagnóstico em pessoas
que apresentam sinais iniciais da doença (diagnóstico precoce) e outra
voltada para pessoas sem nenhum sintoma e aparentemente saudáveis
(rastreamento).
“Homens com histórico familiar de câncer de próstata ou negros (em que a doença costuma ser mais agressiva), devem procurar
um urologista após os 45 anos. Para os demais, a idade inicial
é 50 anos. Nessa fase, é possível suspeitar da doença por meio de exames
de sangue (dosagem de PSA), toque retal e
confirmar seu diagnóstico por biópsia, quando indicado”, conclui.
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