O ministro da Educação, Abraham Weintraub, ressuscitou a balbúrdia, a
palavra. O termo que já saiu da boca de personagens shakespearianos e
outros clássicos, e andava meio esquecido no meio de tanta “confusão”,
“alvoroço”, “escarcéu” e “zoeira”, ganhou força ao ser usado como uma
das justificativas para o corte de recursos das federais. “Universidades
que, em vez de procurar melhorar o desempenho acadêmico, estiverem
fazendo balbúrdia, terão verbas reduzidas”, disse o ministro em
entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo no dia 30. Declaração essa
que, claro, causou “alarido”.
Tão logo a “balbúrdia” foi ganhando o
noticiário, os alunos das universidades federais trataram de
reinterpretá-la. Assim, instituições como a UnB (Universidade de
Brasília), a UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), a UFPR
(Universidade Federal do Paraná), a UFRJ (Universidade Federal do Rio de
Janeiro), a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e muitas outras
criaram perfis no Instagram batizados de “balbúrdia” (e mais a sigla da
instituição, como @balburdiaufrj ou @balburdiaufpe). No Rio Grande do
Norte: @balburdiaufrn e @balburdiaifrn, essa do Instituto Federal.
Os universitários estão usando esses perfis para divulgar a produção
científica das próprias universidades e as ações que aproximam o mundo
acadêmico da população. “Quando a sociedade concorda com o ministro,
quando ele diz que nas universidades o que se faz é balbúrdia, é porque
as pessoas não sabem o que acontece dentro da instituição. Então,
resolvemos divulgar e dar publicidade a tudo de bom e importante que
acontece aqui dentro”, disse Ítalo Monteiro, aluno do curso de
Odontologia da UFPE.
Além do perfil no Instagram, os alunos
promoveram (no sábado), uma ação no centro do Recife. O corpo a corpo
foi tratado como o “Dia Nacional da Balbúrdia” e teve como ideia central
mostrar para a população o resultado de pesquisas científicas que são
produzidas dentro do ambiente acadêmico. Ação parecida aconteceu em
Brasília, na UnB. Em Minas, estudantes da UFMG estão programando uma
“feira da balbúrdia” que deve funcionar como uma feira de ciência e
envolver toda a comunidade acadêmica. Na UECE (Universidade Estadual do
Ceará), os alunos também estão se organizando.
Apesar do teor político, a “balbúrdia” será o tema de diversos
encontros e festas universitárias nos próximos meses. Em 1.º de junho,
já está programada para a Arena Futebol Clube, em Brasília, uma Festa da
Balbúrdia – com entrada gratuita para alunos da UnB. A descrição da
festa é a seguinte: “É chegada a hora de mostrar o tamanho da balbúrdia
que a gente consegue fazer. Se é balbúrdia que eles querem, é balbúrdia
que eles vão ter”.
A palavra do ano? Em língua inglesa, a escolha
de palavra do ano virou evento. Em 2018, o dicionário Oxford elegeu a
palavra Toxic (Tóxico) como a mais importante do período. Há três anos, o
Brasil também tem escolhido suas “palavras do ano”. Em pesquisas
realizadas pela CAUSE e Ideia Big Data, as palavras eleitas até agora
foram: indignação (2016); corrupção (2017) e mudança (2018). “Ainda é
muito cedo. Ainda assim, o contexto em que ela foi usada, e o fato de
ter sido usada por um ministro de Estado, pode influenciar o uso, o
significado ou o desuso de um termo como balbúrdia”, disse o cientista
político e idealizador da Palavra do Ano, Leandro Machado.
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