O governo de Jair Bolsonaro
enfrenta nesta quarta-feira (15) o que deve ser a maior onda de
protestos contra sua gestão desde que assumiu a presidência, em janeiro.
Durante o dia, praticamente todas as capitais do Brasil
recebem manifestações críticas aos sucessivos cortes no repasse de
verbas na educação, anunciados pelo Ministério da Educação.
O prédio do MEC está desde o início da manhã de ontem terça-feira (14)
cercado por homens da Força Nacional. A solicitação da segurança extra
foi feita pelo próprio MEC.
A Câmara dos Deputados aprovou também ontem terça a convocação do ministro da Educação, Abraham Weintraub,
para explicar, em audiência no plenário da Casa, os cortes
orçamentários na área. A expectativa é que o ministro compareça ao
Congresso nesta quarta.
Desde que assumiu o posto no começo de abril, Weintraub congelou
recursos tanto da educação básica quanto das universidades federais. Ao
menos 2,4 bilhões de reais que estavam previstos para investimentos em
programas da educação infantil ao ensino médio foram bloqueados.
O ministro também declarou que haveria um corte de 30% no orçamento
de universidades federais que promovessem “balbúrdia” e tivessem
desempenho acadêmico abaixo do esperado.
Ele citou a Universidade Federal da Bahia, a Universidade Federal
Fluminense e Universidade de Brasília como alvos, apesar de todas
estarem entre as 50 melhores da América Latina segundo o ranking Times
Higher Education.
Depois, o ministro recuou e afirmou que o corte seria linear para
todas as universidades federais, o que segundo reitores inviabiliza a
continuidade das atividades.
O ministro passou então a destacar que o corte é sobre a verba de
custeio e portanto mais próximo de 3%, pois grande parte das despesas
universitárias são obrigatórias por lei, como os salários.
Além do corte no repasse para as federais, 3.474 bolsas para estudantes de mestrado, doutorado e pós-doutorado oferecidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) também foram suspensas.
Os protestos de hoje, organizados principalmente pela União Nacional
dos Estudantes (UNE) e União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
(UBES), são em defesa do direito à educação. A expectativa é que a
mobilização também atinja também pais, professores e alunos da rede
particular.
“A educação é a porta de entrada da infância e da juventude para o
futuro. O presidente Bolsonaro e o ministro da Educação Weintraub têm
anunciado uma série de ataques à educação no Brasil. Já vinhamos e
seguimos denunciando: Bolsonaro é inimigo da educação”, diz um
comunicado da UNE.
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