quarta-feira, outubro 02, 2013

'Não existe um Deus católico, mas um Deus', diz Papa Francisco.

"A visão 'Vaticanocêntrica' se esquece do mundo que nos rodeia", criticou pontífice - Maurizio Brambatti/EFE
“A visão ‘Vaticanocêntrica’ se esquece do mundo que nos rodeia”, criticou pontífice

No dia em que o papa Francisco dá início à maior reforma da Santa Sé em décadas, o pontífice deixa claro seu ataque contra a estrutura do Vaticano, contra as disputas de poder nos bastidores da Igreja e defende uma reforma radical. “A corte é a lepra do papado”, atacou o argentino.

Em entrevista ao fundador do jornal La Repubblica, Eugenio Scalfari, chegou até a alertar que não acredita em um “Deus católico”, mas em um Deus de todos. Para ele, Deus tem um conceito que vai além do catolicismo. “Não existe um Deus católico. Há um Deus.” Ele, porém, alerta: “Religião sem misticismo é apenas filosofia”.

Ontem terça-feira, 1, o grupo de oito cardeais convocados por Francisco começou a apresentar os detalhes de todas as ideias que nos últimos meses recolheram pelo mundo sobre a reforma da Igreja. O processo será longo.

Essa será sua principal obra e ele quer deixar a mudança como seu principal legado, atacando o egoísmo dentro dos muros da Igreja, o fato de a Santa Sé apenas defender seus interesses e um comportamento de bispos que não condiz com o cristianismo. “Esse é o início de uma Igreja com uma organização não tão vertical, mas também horizontal”, apontou o papa, apostando em uma Igreja menos centralizada.

Ao retornar de sua viagem ao Brasil, o papa já havia indicado que não seria ele quem julgaria os gays. 

Ontem, reforçou a ideia de que não será ele nem o Vaticano que julgarão o bem e o mal. Na entrevista publicada ontem terça, uma vez mais Francisco dá sinais concretos de que quer uma Igreja aberta. “Estar aberto à modernidade é um dever”, insistiu, revelando o que vai querer de sua reforma.

Ao falar sobre o narcisismo, o papa foi contundente. “Não gosto da palavra narcisismo”, disse. “Indica um amor fora de lugar por si mesmo. O verdadeiro problema é que os mais afetados por isso, que na realidade é uma espécie de desordem mental, são pessoas que têm muito poder”, atacou. “Muitas vezes, os chefes são narcisistas.”

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