Pichações com a cruz suástica nazista em uma capela histórica de Nova
Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro, indignaram moradores e
se tornaram objeto de investigação da Polícia Civil fluminense. Os
símbolos foram pintados entre a noite de sábado (13) e a madrugada de
domingo (14) na fachada do templo católico, que tem mais de 150 anos.
Segundo a Polícia Civil, a 151ª Delegacia de Polícia (Nova Friburgo) registrou o caso e já foi ao local coletar provas.
A capela é a mais antiga igreja católica do município e tem um sino
de bronze doado pelo imperador Pedro II. Localizada em São Pedro da
Serra, distrito rural famoso como destino de ecoturismo, a igreja é
considerada um dos principais pontos turísticos do distrito.
A lei brasileira considera crime fabricar, comercializar, distribuir
ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda
que utilizem a cruz suástica ou gamada para fins de divulgação do
nazismo.
Ideologia autoritária de extrema direita, o nazismo levou à morte de
milhões de judeus, estrangeiros, homossexuais, deficientes físicos e
integrantes de outros grupos minoritários quando Adolf Hitler chegou ao
poder na Alemanha, na primeira metade do século 20. O expansionismo do
regime nazista também culminou na Segunda Guerra Mundial.
Dono de uma pousada em São Pedro da Serra, João Carlos Leal disse que
ficou surpreso com a pichação porque o clima na cidade continuava
tranquilo, apesar da polarização política ser a mesma verificada em
outras partes do país com a eleição presidencial.
"Embora a gente estivesse polarizado, o clima na vila era amistoso",
afirmou Leal, que estava organizando uma partida de futebol com times
formados por simpatizantes dos dois candidatos que disputam o segundo
turno da eleição presidencial: Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad
(PT). Depois da pichação, a partida foi suspensa.
Outro morador que concedeu entrevista e pediu para não ser identificado discordou de que o clima na cidade seja amistoso e destacou que a intolerância vem levando a divisões familiares, brigas entre amigos e ameaças de represálias.
Outro morador que concedeu entrevista e pediu para não ser identificado discordou de que o clima na cidade seja amistoso e destacou que a intolerância vem levando a divisões familiares, brigas entre amigos e ameaças de represálias.
O músico Ricardo Vilas, dono de uma casa de veraneio em São Pedro da
Serra há mais de 30 anos, conta que estava na cidade no domingo e foi
até a igreja para ver as pichações. "Muita gente foi lá para olhar.
Inclusive foi um fim de semana com muita gente de fora porque tivemos um
feriado prolongado e a cidade estava lotada."
Para Ricardo, o ato preocupa porque se soma a outras manifestações de
intolerância política que vêm sendo registradas em algumas regiões do
país. "A existência de um ato como esse incentiva a existência do
seguinte."
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