A vulnerabilidade, a falta de acesso a um atendimento de qualidade e a
grande circulação de informações sem base científica têm prejudicado o
tratamento do câncer. O alerta é feito pela psicooncologista Luciana
Holtz, fundadora de uma organização, a Oncoguia, que se dedica a prestar
informações de qualidade aos pacientes.
Segundo ela, terapias alternativas, que não têm qualquer comprovação
científica mas que prometem milagres, têm circulado com muita velocidade
e podem atrasar ou mesmo fazer com que haja desistência de tratamentos.
“Tem sempre a receita da moda, o suco de graviola, o noni, o suco de
cenoura, que poderiam ser receitas inofensivas, mas que são vendidas
como receitas que curam. O que a gente vê é um impacto gigantesco no
paciente, que considera inclusive a troca do tratamento tradicional”,
disse.
O tema foi um dos destaques do Congresso Internacional de Oncologia
D’or, realizado no Rio de Janeiro. Entre as notícias falsas que promovem
confusão está também a que diz que ao fazer mamografia, as mulheres
precisam proteger o pescoço porque há risco de câncer de tireoide, o que
na verdade prejudica a imagem e o posterior diagnóstico. Outra é a que
diz que usar desodorante causa câncer de mama, tese sem qualquer
comprovação científica.
Luciana destaca também que as falhas no atendimento do sistema de
saúde contribuem para deixar as pessoas ainda mais vulneráveis às
informações falsas.
“A situação às vezes fica desesperadora. Você fica ali, esperando
para se tratar, completamente fragilizado, inseguro, as pessoas acabam
recorrendo ao que está disponível”, afirmou.
A médica orienta que os pacientes busquem sempre informações oficiais
de institutos, organizações e serviços de saúde que trabalham com
câncer. A Oncoguia também disponibiliza um telefone gratuito para
esclarecimento de dúvidas. O número é 0800 773 1666.
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