Representantes da Frente Parlamentar em Defesa da Companhia Hidro
Elétrica do São Francisco (Chesf) pediram hoje (1º) mais diálogo com a
sociedade sobre a privatização da companhia. Foi o que afirmou
presidente da Frente, deputado federal Danilo Cabral (PSB-PE), depois de
reunião com o diretor-presidente da empresa, Sinval Zaidan Gama.
Cabral
afirmou que pretende protocolar na próxima segunda-feira (4) um pedido
de suspensão da privatização da companhia por 120 dias para discussão
com a sociedade, a exemplo do anunciado pelo Ministério de Minas e
Energia para a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca).
"A
própria presidência [da Chesf] colocou que tem muitas dúvidas ainda
sobre o processo [de privatização]. Se a própria presidência ainda não
tem informações necessárias, a sociedade precisa ter também essas
informações, fazer um debate mais aprofundado. Se o governo suspendeu o
decreto de abertura da revisão da Renca, que faça para a Chesf também",
disse o deputado.
Em agosto, o Ministério de Minas e Energia
anunciou a privatização da Eletrobras, controladora da Chesf. A empresa
passaria à iniciativa privada, mas a União permaneceria como acionista,
embora com participação menor. O governo federal justifica a mudança
alegando que a Eletrobras acumula um impacto negativo de R$ 250 bilhões
nos últimos 15 anos.
Para Danilo Cabral, a privatização da Chesf,
responsável pela geração e transmissão de energia de todos os estados
do Nordeste – à exceção do Maranhão –, é uma questão de soberania
nacional. "A condução da política energética em qualquer nação soberana é
da responsabilidade do próprio país. Nos Estados Unidos, Alemanha,
França, é o governo que toma conta. Isso é uma questão de soberania e de
segurança", defendeu.
Ele também argumenta que há interesse público nas atividades da
Companhia, a exemplo do uso da água do Rio São Francisco, onde estão as
hidrelétricas da Chesf. “No Nordeste, a privatização vai ter uma
consequência muito danosa, à medida que a gente vai entregar a gestão da
água do São Francisco, que é uma água de uso múltiplo. Ela serve não só
para a geração de energia como para abastecimento humano”. O Velho
Chico acumula 70% da disponibilidade hídrica do Nordeste do país e do
norte de Minas Gerais, de acordo com o Comitê da Bacia Hidrográfica do
Rio São Francisco (CBHSF).
O presidente da Chesf, Sinval Zaidan Gama, não falou com a imprensa.
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