A geração de lixo no Brasil reduziu 2,04% em 2016 na comparação com
2015, segundo panorama divulgado hoje (31) pela Associação Brasileira
das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Foram
gerados 78,3 milhões de toneladas de resíduos sólidos no ano passado.
Carlos
Silva Filho, presidente da Abrelpe, não atribuiu a redução do lixo à
conscientização ambiental da população, mas à crise. “É a primeira vez
que temos decréscimo de resíduos sólidos no Brasil desde 2003, fruto da
crise econômica, que afetou diretamente o poder de compra da população e
trouxe, como consequência, o menor descarte de resíduos sólidos.”
Outro
aspecto negativo atribuído à recessão econômica foi o aumento do uso de
lixões, com 2.976 ainda presentes em todo o país. Tiveram destinação
inadequada, em 2016, 81 mil toneladas de lixo. O uso de lixões a céu
aberto cresceu de 17,2% em 2015 para 17,4% no ano passado.
Os
aterros controlados, que ainda existem no país, são semelhantes a
lixões, por vezes cercados, com cobertura de terra para esconder os
resíduos, mas sem captação de gás e chorume. Houve ligeiro aumento,
passando de 24,1% em 2015 para 24,2% no ano passado. O tratamento de
lixo ideal, em aterro sanitário, feito em ambiente confinado para
reduzir o volume de resíduos conforme os anos, caiu de 58,7% para 58,4%.
Sete
municípios, não revelados pelo panorama, abandonaram o uso de aterros
sanitários e passaram a usar lixões, em razão da redução de receitas
municipais. O custo do uso de aterro gira em torno de R$ 90 a R$ 100 por
tonelada. “É uma economia burra, pois deixa de pagar o aterro, mas,
automaticamente, vai contaminar o meio ambiente e a pessoas, vai pagar
mais no Sistema Único de Saúde”, disse o presidente da Abrelpe.
Segundo
o panorama, 96 milhões de pessoas terão a saúde afetada por
contaminação dos lixões. “São doenças como alergias, infecções
estomacais, doenças causadas por vetores que se proliferam no lixo como
dengue, zika, chikungunya, câncer, pressão arterial. Bastante
preocupante.”
A coleta seletiva no Brasil estava presente em
69,3% em 2015, e registrou ligeiro aumento em 2016, passando a 69,6%.
Entre as regiões brasileiras, o Sul foi o que mais implementou coleta
seletiva (89,8%), seguido pelo Sudeste (87,2%), Norte (58,4%), Nordeste
(49,6%) e Contro-Oeste (43,3%).
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