A relatora especial da Organização das Nações Unidas para a
Eliminação da Discriminação contra Pessoas Afetadas pela Hanseníase,
Alice Cruz, afirmou hoje (14), que, no Brasil, quem tem confirmado o
diagnóstico da doença sofre uma segregação "institucionalizada e
interpessoal". Segundo a especialista, ainda na atualidade, embora
comunidades - mais frequentemente denominadas colônias - continuem
funcionando em quase todos os estados do país, elas não operam dentro de
um modelo capaz de mitigar a "indigência institucional" à qual estão
submetidos os hansenianos.
A representante da ONU visitou, entre os dias 7 e 14 de maio,
diversos pontos do Rio de Janeiro e do Pará, como o Hospital Curupaiti,
situado na zona oeste da capital fluminense, para levantar informações
sobre os direitos das pessoas portadoras da hanseníase.
A emissária da ONU destacou que o Brasil é um dos poucos países que
instituíram um marco legal antidiscriminatório e medidas de reparação a
hansenianos. Ela avalia que, mesmo com iniciativas pioneiras e uma queda
na taxa de incidência durante a última década, a doença permanece como
uma "questão sumamente importante", devido à relação que tem com
disparidades sociais e estruturais.
"Encontrei uma situação administrativa muito complexa, porque as
colônias estão enquadradas na atenção à saúde, mas, na verdade, são
espaços de residência. Então, não basta ter uma estratégia de saúde,
pois as pessoas precisam de água, de luz. Isso impele a repensar a
administração desses espaços", disse.
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