Recentemente, a jovem
inglesa Megan Rixson relatou ter perdido a visão por duas horas ao se
submeter a um procedimento estético para alongar os cílios. Inchaço,
dores ao redor dos olhos e perda dos fios naturais foram outros
desdobramentos depois de a clínica ter usado uma cola indevida. Nos
últimos dois anos essa moda conquistou até mesmo quem não vive da imagem
– como artistas e modelos. São muitas as mulheres que desejam ter
cílios longos, postiços ou alongados. Não há como negar a marcante
valorização do olhar, mas também não se pode deixar de dizer que existem
riscos.
Na opinião do
oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de
Olhos, em São Paulo, está havendo um exagero no uso dos cílios postiços.
“A altura normal dos cílios corresponde a um terço, mais ou menos, da
altura dos olhos. Isso permite que os cílios exerçam o papel de proteger
os olhos da poluição e ainda evita a evaporação que pode levar ao
ressecamento ocular. Quando alguém passa a ter o dobro do volume de
pelos, não só na quantidade como também na altura, está claramente
interferindo na saúde ocular”.
Estudo realizado no Instituto de Tecnologia da Georgia (Estados
Unidos) constatou que a relação do comprimento dos cílios com a altura
dos olhos, entre uma pálpebra e outra, está presente em 22 espécies de
mamíferos, além do homem. “A natureza é sábia. Esse comprimento permite
ao olho receber ar e umidade na medida certa, sendo protegido pelos
cílios do excesso de poluição/poeira, sol, e outras partículas que
poderiam agredir o cristalino. Já o uso excessivo de cílios mais longos e
mais fartos pode comprometer a visão, impedindo a necessária circulação
de ar e promovendo o ressecamento e a irritação dos olhos”, alerta
Neves.
Com relação à curvatura
dos cílios, o médico explica que a genética desempenha papel
fundamental. “Geralmente, as pessoas têm entre 90 e 160 cílios na base
da pálpebra superior, divididos em grupos, e outros 80 na inferior. A
curvatura é naturalmente programada para que eles se toquem, durante
mais de 20 mil piscadas diárias, sem que um interfira no outro. Quando
os cílios são obrigados a ‘suportar’ o peso dos fios artificiais, ainda
que eles sejam artificialmente curvos, o peso faz com que eles se
toquem de forma diferente, podendo grudar, entortar e, posteriormente,
arranhar a visão. Isso sem mencionar o risco, que correm algumas
pacientes, de se submeter à técnica que usa cola para fazer o
prolongamento fio a fio. Nestes casos, a paciente corre risco de uma
conjuntivite química e inclusive de lesões de gravidade variável”.
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