sexta-feira, junho 17, 2016

Na Bahia, Dilma diz que luta contra o "golpe" é luta contra o machismo.

A presidente afastada Dilma Rousseff afirmou ontem quinta-feira (16), em discurso durante ato público em defesa da democracia em Salvador (BA), que um dos motivos para a aprovação da abertura do processo de impeachment foi o machismo presente na elite brasileira.

Dilma disse que era vítima desse machismo por meio de inúmeros comentários que recebia e que lia e que lutar contra o "golpe" é lutar contra o machismo. "Esse componente machista não pode ser vista simplesmente contra as mulheres da população do país. Não é assim! Esse componente é o uso indevido de várias características das mulheres contra as mulheres. Vou me explicar, é o seguinte: mulher, ou ela é nervosa, ou ela é dura; ou é irritada, ou é boazinha. Essas visões das mulheres, que tentaram julgar pra mim, essa visão todas nós devemos rejeitar. Não somos como ninguém uma coisa, como ninguém é. Somos várias coisas."
 
Para a presidente afastada, as mulheres devem comemorar e lutar por ascensões sociais e devem rechaçar rótulos. "Cada uma de nós sabe como é difícil assumir um patamar profissional no trabalho, na família, e eles acham que a mulher tem de ser 'coitadinha'. Mulher não é coitadinha! Mulher cria filhos, ao mesmo tempo trabalha em casa e fora de casa."

Ela ainda voltou a dizer que o golpe tem outros dois motivos: a saída dela para acabar com as investigações da operação Lava Jato e a redução de políticas sociais.

"A ideia é sempre a mesma: a oligarquia desse país, quando não fica satisfeita com as políticas para o povo que estão em andamento, tenta afastar o presidente. Sempre foi assim. Agora só mudaram o método: antes usavam a violência, as armas, os canhões", disse, em comparação ao golpe militar, de 1964.

Dilma também defendeu que o governo, seja ele qual for, deve estreitar laços com a sociedade civil organizada. "A luta passa por fortalecer esses movimentos sociais, ouvir a voz das ruas, porque a voz das ruas é o fator de grande força na luta no nosso país. Nós também vamos conversar todos os parlamentares, mas é muito importante a consciência de que temos que defender a democracia, porque ela faz com um governo saiba o que pode e não pode fazer."

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