Presidentes de duas entidades do setor industrial se reuniram hoje
(11) com o presidente Michel Temer para apresentar demandas referentes
às consequências da paralisação dos caminhoneiros, que durou 11 dias e
encerrou há pouco mais de duas semanas.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
(Firjan), Eduardo Vieira, criticou o que chamou de “rigidez do preço” da
tabela de fretes mínimos proposta pelo governo para chegar a um acordo
com os caminhoneiros. “Entendemos perfeitamente o problema dos
caminhoneiros, mas entendemos também que [com] a rigidez de preço as
indústrias vão incorrer em mais custos e esses custos terão que ser
repassados para o produto”, disse.
Vieira sugeriu que os contratos prevejam uma alteração nos preços em
caso de mudança nos custos do transporte. Com isso, segundo ele, não
haveria prejuízo para transportadores nem para a indústria.
Para José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da
Indústria da Construção (CBIC), o problema maior não é a tabela de
frete, e sim a política de reajustes diários da Petrobras, que também
foi alvo de reclamações dos caminhoneiros. Para ele, a estatal, apesar
de trabalhar com preços do mercado, não tem uma concorrência local, o
que deixa a empresa mais confortável para trabalhar com aumentos.
“A Petrobras domina o mercado de combustíveis no Brasil. Ela não pode
se comportar como uma empresa que vive à mercê da concorrência. Em
qualquer lugar do mundo o preço é liberado, mas existe concorrência.
Aqui não tem concorrência”, disse. Para ele, as mudanças constantes de
preço nos combustíveis traz prejuízos para o setor da construção, uma
vez que nessa área não pode haver reajustes diários.
“Contratamos uma obra que vai ficar três, quatro anos em construção e
eu tenho que ter o mínimo de previsibilidade naquele meu contrato. Se
eu começar a prever variações de 20%, 30%, 40% não vai ter contrato que
se sustente”, disse.
Segundo os dirigentes das duas entidades, o presidente Temer ouviu as
demandas mas não fez promessas sobre os problemas apresentados. Vieira
também pediu uma isenção de impostos federais por, no mínimo, 15 dias
para que as micro e pequenas empresas possam voltar a "respirar"
financeiramente após os prejuízos da paralisação dos caminhoneiros.
Temer disse que levaria a questão à área econômica do governo.
Outro pleito da Firjan foi retardar a reoneração do setor para
janeiro. Segundo ele, o presidente afirmou que a reoneração de diversos
setores da economia, aprovada pelo Congresso no final de maio, já está programada para iniciar em outubro.
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