O papa pediu nesta quinta-feira (21), na abertura de uma reunião
histórica da igreja para abordar os abusos sexuais cometidos por membros
do clero, “medidas concretas e efetivas” de combate. Segundo o
pontífice, não basta apenas condenar esses crimes.
“O povo de Deus está a ver-nos e espera que nós não só condenemos,
mas que tomemos medidas concretas e efetivas”, afirmou o papa Francisco
perante 190 representantes da hierarquia religiosa. “A concretização
[dessas medidas] é necessária”, destacou.
“Confrontados com o flagelo do abuso sexual realizado por homens da
Igreja contra as crianças, pensei em consultar-me convosco, patriarcas,
cardeais, arcebispos, bispos, superiores religiosos e responsáveis, para
que juntos possamos ouvir o grito dos pequenos que pedem justiça”,
ressaltou Francisco.
O papa disse aos presentes que nessa reunião pesa a responsabilidade
pastoral e eclesial que os obriga a discutir em conjunto, de maneira
sinodal, de forma sincera e profunda “a forma de enfrentar esse mal que
aflige a Igreja e a humanidade”.
Francisco disse que será entregue aos participantes “uma linha guia”
para ajudar a refletir, sendo esta apenas um ponto de partida das
discussões.
O papa pediu que o Espírito Santo ajudasse a Igreja nestes dias a
“transformar este mal em uma oportunidade para se tomar consciência e
para se purificar”.
O pontífice rogou à Virgem Maria que iluminasse a Igreja para “tentar
curar ferimentos graves causados pelo escândalo da pedofilia tanto aos
pequenos quantos aos crentes”.
A reunião começou com as palavras de uma vítima, lidas por um dos
membros da comissão organizadora e especialista na luta contra os
abusos, o padre Hans Zollner. “Nem os meus pais, nem os oficiais da
igreja ouviram o meu clamor e pergunto-me: ‘Porque Deus também não o
ouviu?'”, disse o padre, ao ler as palavras da vítima de abuso sexual.
O papa argentino vai tentar convencer, nos próximos dias, os
presidentes das Conferências Episcopais da Igreja Católica no mundo da
sua responsabilidade individual face às agressões sexuais a menores.
Ouvir as vítimas, aumentar a consciência, aumentar o conhecimento,
desenvolver novos procedimentos, e partilhar boas práticas são alguns
dos objetivos do encontro.
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